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segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

A interessante história da Figueira de Itapiranga

Árvore foi plantada no município para simbolizar "a união dos extremos"

Figueira de Itapiranga é “filha” da figueira da Praça XV de Novembro de Fpolis
Que a Praça XV de Novembro em Florianópolis tem uma figueira centenária na área central muita gente sabe, afinal de contas, o local é um dos pontos turísticos da capital do Estado catarinense. Inúmeras pessoas que passam por lá se encantam com a grandiosidade da árvore que, conta-se, ter germinado em 1871. 

Com praticamente um século e meio de existência, não há como saber precisamente quantas outras plantas a figueira centenária pode ter gerado. Mas de uma coisa se tem certeza, a figueira da Praça XV, tem uma ligação direta com a figueira da Praça do Imigrante em Itapiranga. Daria para se dizer que essa ligação seria de “mãe e filha”, já que a figueira centenária foi quem gerou a figueira itapiranguense. 

De acordo com relatos históricos da moradora de Itapiranga, Maria Wiggers, que reside no bairro Jardim Bela Vista, foi o pai dela, Ludgero Wiggers, que na época era prefeito do município, quem plantou a árvore. Segundo Maria, a história da figueira inicia em 1967. Ela relembra que naquele ano seu pai fez uma viagem oficial a Florianópolis. No retorno, ele trouxe cinco sementes da figueira localizada na Praça XV de Novembro, que foram plantados na linha Laranjeira Alta, na propriedade onde a família Wiggers residia naquela época.

As sementes foram inseridas em um tronco podre de uma árvore. Dos cinco grãos plantados, três vingaram. Maria conta que com muito carinho e atenção ela e seu pai cuidavam das plantinhas. No entanto, num certo dia, o imprevisto aconteceu: uma vaca enraivecida começou a chifrar o toco podre onde as figueiras estavam se desenvolvendo. 

As chifradas do bovino atingiram duramente as pequenas plantas e uma delas acabou não resistindo. Então sobraram duas plantas para cuidar. Como prevenção, o local onde as duas figueiras permaneceram foi cuidadosamente cercado.

Em 1974, Ludgero Wiggers faleceu e não pode mais acompanhar o desenvolvimento das sementes trazidas de Florianópolis. No ano de 1976, no primeiro mandato do prefeito Ottmar Schneiders, surgiu a ideia de trazer uma das árvores de Linha Laranjeira, para o centro da cidade. 

A operação para o transplante foi realizada no dia da árvore, por iniciativa do Lions Clube e também em comemoração ao cinquentenário de fundação de Porto Novo, que hoje compreende os municípios de Itapiranga, São João do Oeste e Tunápolis. Um trator de esteira foi utilizado para a remoção da figueira da propriedade da família Wiggers até a cidade. Na ocasião, Schneiders fez um discurso sobre o fato, em cima das raízes da árvore que já estava com quase 10 anos. 

Sobre as raízes da figueira, Schneiders realizaou um discurso
A ideia inicial era fazer o transplante na Praça das Bandeiras, em frente à prefeitura, mas acabou se optando pela Praça do Imigrante, hoje ao lado da Estação Rodoviária. A outra figueira que se desenvolveu em Itapiranga, permaneceu em Linha Laranjeira Alta. E hoje é vista em frente a uma residência à beira da ITG 070. Ela não se cresceu tanto quanto sua irmã da cidade, em razão das avarias que sofreu no ataque do bovino.

Maria conta com satisfação que, quando seu pai colocou os grãos da figueira de Florianópolis no bolso da camisa, e os trouxe para o extremo oeste, ele tinha uma intenção nobre: ter em Itapiranga algo que simbolizasse a união dos extremos. Com o plantio de uma “filha” da figueira da capital, na região do Estado mais distante da capital, ele queria simbolicamente encurtar as distâncias entre Florianópolis e o interior catarinense; “fazer da figueira de Itapiranga um laço entre os pontos mais distantes de Santa Catarina”. 

Com praticamente 100 anos a mais que a descendente de Itapiranga, a figueira da Praça XV, nasceu dentro de um pequeno jardim circular, em frente à Igreja Matriz da capital. Em 1891, também foi transplantada para o local onde se encontra até hoje. A árvore sobre a qual se referem os versos ilhéus possui diversas superstições e simpatias a seu respeito. Seus grandes galhos se estendem por boa parte da Praça XV de Novembro, e hoje são sustentados por hastes de metal, que preservam a estrutura da velha árvore.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Agricultura irrigada começa a ganhar maior destaque na região

Para se precaver de estiagens e aumentar a produção, agricultor de Itapiranga aposta em sistema de irrigação para pasto

Aspersores foram instalados em 5,3 hectares de pastagens
Sabemos não ser de hoje que o homem, muitas vezes tem enfrentado adversidades climáticas. Ter conhecimento para lidar com elas e se precaver, talvez seja a melhor a opção. A região do grande oeste catarinense, a exemplo do que ocorre no noroeste do Rio Grande do Sul, no sudoeste do Paraná e não podemos esquecer o nordeste brasileiro, ainda convivem com as desgraças da estiagem. Mesmo com a chuva do final de semana, as previsões de perdas na agricultura catarinense (jan.2012) ainda são contabilizadas. 

No extremo oeste de Santa Catarina, secas e estiagens, mesmo não ocorrendo intensamente todos os anos, são adventos registrados há pelo menos quase 80 anos. De acordo com o livro, Documentário Histórico de Porto Novo, do autor Roque Jungblut, há relatos de estiagem na região, datados da década de 1930, que já causavam grandes perdas na agricultura. Para se ter ideia, uma das maiores secas de acordo com o autor, foi registrada no início dos anos de 1940. Onde chovia pouco ou quase nada por longos períodos. 

As consequências da falta de chuva naquele período, a exemplo das que são sentidas atualmente, foram muitas. “O rio Uruguai se encolheu para cerca de dois metros. A temperatura da água subiu, faltou oxigenação e os peixes morreram. Os riachos secaram todos. A população e os animais tiveram que consumir água suja. As pastagens secaram. As árvores pareciam estar mortas”, destaca Jungblut em alguns trechos do livro.

Daquele tempo para a atualidade, (de 1930 para 2010) de acordo com relatos do autor, todas as décadas foram marcadas em algum momento por períodos de estiagem. Contudo, ao longo dos anos, a situação mudou e a população atual da região extremo oeste convive em melhores condições, a tecnologia ajudou muito nesse sentido, mas os efeitos de estiagens ainda causam dor de cabeça e grandes perdas na agricultura.

A sociedade e os governos devem ter mais consciência e atitude para buscar de forma mais constante, soluções e medidas que remediem os efeitos da falta de chuva, pois sabemos que hoje são muitas as opções que servem para diminuir ou eliminar os impactos de estiagens. Uma dentre as alternativas existentes é a irrigação, que começa lentamente a chamar a atenção de agricultores da região. Os investimentos são considerados altos, mas o retorno e a garantia de não amargar prejuízos com estiagens compensam.

IRRIGAÇÃO DE PASTAGENS

Na linha Coqueiro, interior de Itapiranga-SC, o agricultor, cuja principal atividade é a produção do gado de leite, Bruno Becker, decidiu inovar e buscar uma alternativa tecnológica considerada pioneira na região: o sistema de irrigação para pastagens por aspersão. “No verão, em época de seca que prejudica o pasto, a gente sempre pensava em investir em uma alternativa que diminuísse as perdas na pastagem. Só adubando não adiantava, teríamos que ter água e irrigar”, diz.
Alejandre Becker, pai de Bruno


Com 30 vacas, sendo que 22 estão em lactação, a propriedade da família Becker utiliza 11,8 hectares de terra para pastagens perenes. A produção média gira em torno de aproximadamente 20 mil litros de leite ao mês. 


Ao todo, o agricultor conta que foram instalados aspersores em 5,3 hectares de pastagem, em sua maior parte constituídos de grama tifton, considerada uma variedade altamente nutritiva. Conforme Becker, o custo para implantação do sistema ficou em torno de R$ 50 mil, e a grande vantagem, segundo o proprietário, é a estabilidade na produção de pasto que permite boa alimentação do gado leiteiro, independente das condições climáticas, já que o sistema garante a armazenagem e a aspersão de água.

A água utilizada no sistema é proveniente do Rio Peperi-Guaçú, que fica a cerca de 200 metros da propriedade. Becker conta que uma bomba instalada no rio leva água até um “reservatório” com capacidade para 500 mil litros, que foi construído próximo à residência do agricultor. De lá, outra bomba, com maior potência, fica encarregada de distribuir via canalização, a água para os 300 aspersores, divididos em 21 piquetes para o pastoreio das vacas.
Bruno Becker ao lado da esposa

Inicialmente, estão sendo usados 50 aspersores, que acionados espalham pela pastagem 40 mil litros de água por hora, o que garante uma distribuição próxima de 8 mil litros por hectare. Movido à energia elétrica, o sistema tem acionamento automático e de acordo com o agricultor somente é necessário acioná-lo uma vez por semana. “Se chover uma boa quantidade não é preciso ligar, só mesmo quando faltar água”, destaca.

A conta de luz poderia ser um problema, mas no horário das 22h30 às 6h30 o produtor receberá 60% de desconto na tarifa de energia elétrica no uso do sistema. Para realizar o trabalho de instalação da irrigação para pastagens por aspersão, Becker conta que contratou uma empresa da cidade de Realeza-PR e ainda contou com apoio da Administração municipal para realizar alguns dos serviços. 

Conforme representantes da empresa paranaense contratada, outro benefício do sistema é que o produtor pode utilizar os aspersores para a aplicação de fertilizantes junto com o processo de irrigação da área. “Em primeiro lugar, espero melhorar a qualidade, e a expectativa é que aumente no mínimo uns 15% a produção”, calcula.


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Matéria pulbicada na edição 1694 de 14 de janeiro de 2011, no jornal Folha do Oeste

Deutsche - Cultura que impulsiona para o desenvolvimento


De geração em geração, a cultura alemã se fortalece no extremo oeste catarinense e contribui para resultados positivos

Cultura Deutsche passa de geração a geração
Rica em personalidades e tradições, assim é o extremo oeste catarinense. Uma região acolhedora, de vários povos e culturas. São descendentes de italianos, de poloneses, de caboclos, de portugueses e alemães espalhados pelos pequenos municípios da região.

De acordo com o antropólogo e professor universitário Paulino Eidt, algumas destas culturas predominantes na região são consideradas mais “abertas”, toleram mudanças e não resistem à incorporação de outros costumes, é o caso dos italianos, poloneses, portugueses e caboclos. 

Outras são denominadas mais fechadas, seguem a risca seus idealismos e não são simpatizam com novas tradições, como é o caso principalmente da cultura Deutsche - alemã - considerada etnocêntrica - visão de mundo característica de quem considera o seu grupo étnico, nação ou nacionalidade socialmente mais importante do que os demais. “É uma cultura bastante endogâmica que vive para si ou para dentro de si. Não sendo tão aberta, isogâmica, como é a cultura italiana, por exemplo”, diz Eidt.

Conforme o antropólogo esse etnocentrismo alemão é uma das causas que faz com que a cultura Deutsche permeie e se mantenha forte ao longo das gerações. Essa atitude etnocêntrica, forte caraterística dos germânicos, é considerada em alguns casos polêmica e chama a atenção.
Vinda dos alemães para a região teve forte influência da Revolução Industrial
Para entender melhor como os costumes alemães ainda influenciam o dia a dia na região a reportagem do Folha do Oeste vai destacar o valor cultural, a contribuição e as dificuldades enfrentadas por este povo europeu que veio ao Brasil em busca de novas oportunidades e com a obstinação e o forte idealismo acabou mudando e transformando o cenário regional tal qual como o conhecemos hoje.

Desde a segunda década do século 20, um aglomerado de descendentes Deutsche vivem na região. Atualmente há alemães em praticamente todos os municípios. Porém, o início desta cultura no extremo oeste catarinense, datada em 1926, estreou com o projeto Porto Novo e Porto Feliz. Regiões de terras onde apenas podiam se instalar descentes germânicos. Com o passar do tempo Porto Novo e Porto Feliz deram origem aos municípios de Itapiranga, São João do Oeste e Tunápolis e ainda, Riqueza, Iporã do Oeste e Mondaí, respectivamente.
Antropólogo Paulino Eidt

Foi principalmente nestas cidades da região que a cultura germânica se fortaleceu no decorrer dos anos, com destaque para São João do Oeste. No município é possível se ter uma breve impressão de como é estar na Alemanha. A população local mantém as tradições deixadas pelos seus antepassados. 
 
Nas ruas, é possível escutar o dialeto alemão pronunciado por todos os munícipes, sejam eles descendentes de alemães ou não. Essa atitude cultural já rendeu ao município o título de Capital Catarinense da Língua Alemã. De acordo com a professora mestre em Linguística (português, alemão e inglês), Valesca Simon Pauli, de São João do Oeste, no local 97% das pessoas falam o idioma alemão.

TRAJETÓRIA

A vinda dos alemães para países da América, incluindo o Brasil, teve forte influência da Revolução Industrial, iniciada no século 18 na Inglaterra e que décadas mais tarde atingiu outros países europeus, dentre eles a Alemanha. “A emigração alemã foi muito forte na terceira e quarta década do século 19. Naquele período foi muito intenso a entrada de alemães no Sul do Brasil e ainda no Rio de Janeiro e no Espirito Santo”, destaca Eidt.
Religião e educação são prioridades na cultura alemã

O marco inicial da colonização alemã, segundo o antropólogo, se deu em 1824, em São Leopoldo (RS). Posteriormente as cidades catarinenses de Blumenau, Joinville e Brusque também receberam colonizadores Deutsche, completando assim os considerados pontos de colonização inicial da cultura germânica. 

“Na segunda e terceira década do século 20 a explosão demográfica destes alemães que tinham famílias com muitos filhos impulsionou novas frentes de imigração. Eles começaram a povoar outras regiões do Rio Grande do Sul e também os primeiros municípios do oeste catarinense como Chapecó, Palmitos, Joaçaba e Xanxerê”, comenta Eidt.

Segundo o antropólogo, logo que chegaram à região oeste, os alemães encontraram muitas dificuldades. “Um dos motivos foi isolamento das demais culturas. A priori rejeitavam qualquer outra intervenção externa que não fosse da sua etnia”.

REGISTROS NAZISTAS

No livro, Documentário Histórico de Porto Novo, o autor Roque Jungblut descreve que as consequências desastrosas do Nazismo na Alemanha também apresentaram ramificações entre os descendentes de alemães de Itapiranga: “Em Itapiranga o povo se empolgou com o nazismo, desfraldando estandartes com a suástica hitlerista. Nos anos 40 o nazismo foi condenado ao silêncio, mas não extirpado do senso panorâmico do itapiranguense”.
Bandeira nazista exposta durante encontro em clube em 1935

O nazismo era um movimento político ideológico alemão que pregava o Estado forte e o Governo Central com poderes supremos. Questões como o patriotismo exacerbado eram tidas como um dos principais apelos ao nazismo.

“Para desenvolver tais sentimentos, foram pregados princípios, usavam-se símbolos externos, faziam-se manifestações de massa, usava-se a pressão psicológica, militar e a propaganda insistente; entoavam-se hinos”.  O nazismo ainda apontava como impuros os judeus, homossexuais, negros, deficientes e ao mesmo tempo exaltava os alemães de sangue, denominados arianos.

O regime nazista fez com que alguns alemães fugissem da situação política e do desemprego na Alemanha no início dos anos 30. Alguns deles vieram para o Brasil e se integraram a Porto Novo.
Devido à pressão popular o Brasil declarou guerra à Alemanha nazista, em 1942, e mandou soldados para lutar na Segunda Guerra Mundial. Devido a isso, os descendentes de alemães sofreram muitas intimidações no país, sendo proibidos de falar o idioma alemão e realizar qualquer referência ao nazismo.

Destaque para a educação, festas e cultura alemã

SJOeste conquistou novamente o título de cidade mais
alfabetizada de Santa Catarina
Desde a chegada dos colonizadores alemães a religião e a educação sempre foram prioridades. No livro Porto Novo: do Reino Religioso ao Poder de Mercado, os autores Paulino Eidt e Edinaldo Enoque Silva Junior, destacam que a escolaridade mínima foi assegurada desde o início. 

Era consenso entre os colonizadores, a ideia de que não se poderia deixar a infância sem a opção da escola. Desta forma, a educação escolar foi, desde o início, uma formação moral e intelectual. Segundo relatos históricos, assim que instalados, a primeira ação dos pioneiros alemães era construir uma igreja, com espaço suficiente para acomodar uma sala de aula.

A preocupação dos colonizadores alemães com a educação passou por gerações e hoje rende bons frutos. São João do Oeste, por exemplo, é tricampeão nacional em alfabetização. De acordo com o Censo de 2010, o município conquistou novamente o título de cidade mais alfabetizada de Santa Catarina, e segundo mais alfabetizado do País.

Para a professora mestre em Linguística, Valesca Simon Pauli, o melhor nível educacional catarinense  tem relação direta com a cultura. “A educação é prioridade para os alemães. Há um grande investimento do poder público, educadores e família nesta área”, acrescenta.
Professora Valesca Simon Pauli

De acordo com a professora mestre em linguística, na escola há um grande incentivo para fortalecer e manter a cultura alemã. Conforme Valesca, além de promover eventos, o ensino municipal oferece aula de língua alemã, que inicia ainda no jardim. “É uma forma de preservar a cultura. Incentivamos as crianças a falar alemão em casa. Além disso, existe a necessidade de se aprender línguas estrangeiras, quanto mais línguas se aprender, melhor. É um apoio à educação e à cultura local”, afirma. 

Além de preservar a língua que os antepassados trouxeram  da Alemanha, São João do Oeste preservou outros aspectos da cultura germânica, que contribuem também para o turismo local. No município, em Itapiranga e Tunápolis,  funcionam corais e grupos de danças em diversas comunidades, além de grupo de patinação, teatro e bandinhas de música.
Ex-prefeito de Itapiranga e SJOeste, Ottmar Schneider

Divertir, promover a cultura e unir a família. Segundo o ex-prefeito de Itapiranga e também de São João do Oeste e um dos difusores da cultura alemã na região, Ottmar Schneider, este era o sentido da música para os alemães. 

De acordo com ele, nos tempos de colonização em que não havia energia, a noite era possível escutar os cantos alemães entoados pelas famílias vizinhas. 

“Ainda hoje, é muito forte o incentivo a música nesta região, prova disso, é que praticamente todas as comunidades possuem corais. E isso é possível perceber nos três municípios”, enfatiza. 

Conforme um dos propulsores e incentivador da cultura alemã em São João do Oeste, José Helmuth Körbes, a música é uma vacina para a alma. “Temos em torno de 300 associados que dão apoio ao nosso coral, em São João do Oeste a sociedade acaba mantendo o coral. A música é muito forte na cultura alemã tanto que cada comunidade daqui tem seu coral”. Comenta Körbes.

FESTAS TÍPICAS

Em São João do Oeste, no mês de maio, acontece a Erntedankfest, festa típica em agradecimento pela colheita realizada pela paróquia São João Berchmans. Em julho, mês em que se comemora a imigração alemã no Brasil, o município promove a Deutsche Woche - Semana Alemã. O evento considerado um dos maiores referentes à cultura alemã na região, atrai anualmente um grande número de turistas, movimentando a economia local.
Registros das provas culturais durante a Semana Alemã

Durante a semana que promove a cultura e a diversão, característica típica dos alemães, são promovidas provas tradicionais, como os concursos do Serrote e do Chopp em Metro, Gincana Folclórica e Cultural, Torneio de Schafkopp, Concurso da Piada e da Mentira, além da Noite Cultural, com várias apresentações artísticas. Outra atração anual é o Festival da Canção Alemã nas categorias infantil, juvenil, adulto e sênior.


OKTOBERFEST

Eidt explica que na Alemanha a Oktoberfest é realizada há alguns séculos e o objetivo principal da celebração é a comemorar a colheita que ocorre no país europeu em outubro. Atualmente na região a Oktoberfest é considerada uma festa da tradição alemã e é realizada em muitos municípios catarinenses que são marcados pela colonização Deutsche. Em Itapiranga a Oktoberfest iniciou há mais de 30 anos na linha Becker, tanto que o município ostenta o título de ser o berço nacional da Oktoberfest.
Oktoberfest em Itapiranga surgiu em 1979

A ideia de realizar a Oktoberfest em Itapiranga surgiu quando em um domingo de outubro de 1979, Wiho Prost disse a dois amigos: “Wir mussen das Oktoberfest feiern als kulturellesfest, wie in München”, que quer dizer “Nós precisamos festejar a Oktoberfest como uma festa cultural, como em Munique”. O intuito era festejar e ao mesmo tempo preservar a cultura alemã local.

 As comemorações eram feitas baseadas no conhecimento de Prost, que conhecia as tradições da festa em Munique. Em cima de uma carroceria enfeitada puxada por um trator, os participantes desfilavam cantando, acompanhados de gaita e violão. Ao final do passeio, todos se reuniam para continuar a comemoração em um potreiro, com muita música, comida e bebida. Alguns anos mais tarde, foram realizadas algumas mudanças nas festividades. Aí surgiu a introdução das comidas típicas.

Já em 1982, a festa foi transferida para o salão da comunidade por causa da chuva. Para não perder o sentido, os organizadores buscavam as famílias com os tratores. Em 1985, foi aprovada a ideia de que toda a comunidade itapiranguense também poderia participar da Oktoberfest. Já em 1989, a festa passou a também ser realizada na cidade. 

Com a crescente participação da população e também de visitantes de todo o país e até mesmo do exterior, surgiu a necessidade da construção do Complexo Oktober, onde são realizadas as comemorações por parte da cidade. Já para a linha Becker ficam reservadas as festividades de abertura, o domingo cultural e o encerramento.
Caracterização da cultura fica marcada na Oktoberfest

Apesar de ser a principal festa típica da cultura germânica, o antropólogo esclarece que a Oktoberfest não se encaixa com a realidade da região extremo oeste. “Aqui deveria ser em abril ou maio. Ficou com o mesmo nome com o mesmo mês, mas na região ela esta mal adaptada, não se encaixa por que aqui não é época da colheita. A maioria das pessoas não tem esse entendimento de que a Oktoberfest seria a celebração da colheita, como também a maioria acha que é uma tradição histórica do início da colonização, mas que na verdade nunca foi, por que os primeiros anos da colonização alemã foram de muita carência, muito isolamento e nem havia condições necessárias para se realizar esse tipo de festa”.

Produção que ainda movimenta a economia local

As atividades iniciadas pelos colonizadores alemães, no início do século 20, permanecem e refletem ainda hoje na economia regional. Nos solos de Porto Novo, hoje Itapiranga, São João do Oeste e Tunápolis se produzia milho, feijão e outros grãos. Porém, o ponto forte da produção local era o tabaco e a banha de porco. A informação consta no livro Espírito Pioneiro - A herança dos antepassados, de Maria Rohde. 

“Ali, onde havia tanto trabalho a ser feito, não sobrava tempo para coisas e pensamentos inúteis. Era necessário trabalhar e rezar para que não faltasse a benção divina nas primeiras colheitas”, destaca a autora. Segundo consta no exemplar, o tabaco de Porto Novo, alcançou alto nível de desenvolvimento. 

Fábricas americanas e holandesas optavam pelo fumo da região, e pagavam preço elevado por estes produtos, entre os motivos estava a cor clara e o comprimento das folhas. Conforme a pesquisa, a alta manutenção da brasa tem a ver com o teor de enxofre contido no solo da região. Até hoje, as produções citadas são fundamentais na economia local.

GOSTINHO DA ALEMANHA

Em muitas casas ainda hoje é indispensável a presença de pratos típicos alemães no momento da refeição ou lanche. Segundo José Helmuth Körbes, bolachas e cucas são produzidas em sua casa com a receita original da Alemanha. 
Pratos típicos são servidos em festas da cultura

A culinária alemã também é explorada e divulgada nas festas produzidas nos municípios de colonização germânica. Entre os pratos típicos, se destacam joelho de porco com chucrute (repolho fermentado naturalmente, com condimentos), spritz wurst (linguiça), torta de requeijão, cuca doce, torta de frutas com amendoim, entre outros.


ARQUITETURA

Resquícios de traços arquitetônicos das casas construídas na Alemanha no século 18 ainda hoje são encontrados nas cidades colonizadas pelos Deutsche. Em São João do Oeste, por exemplo, uma das principais características está nos telhados das casas que apresentam o estilo arquitetônico germânico. 

“As casas lá eram construídas com um telhado muito em pé e isso era feito para que a neve não acumulasse e despachasse mais rápido a chuva nas telhas”, diz Otmmar.
Casa construída com com o requinte típico da cultura alemã onde é possível
perceber os detalhes e as particularidades da arquitetura germânica

Em São João do Oeste uma das obras que mais deixa explicito o quanto os alemães dominavam noções significativas de arquitetura está na Igreja Matriz da cidade, cuja construção iniciou em 1945 e terminou três anos mais tarde. 

Hoje a obra cristã é considerada a maior igreja em madeira da América Latina. Sendo que toda a madeira usada foi extraída nas propriedades de membros da comunidade local da época. 

Igreja foi inaugurada em 1948
“Essa obra foi conduzida por três alemães, um era engenheiro e os outros dois auxiliares. O acabamento dessa igreja é algo impressionante, se formos olhar a tecnologia que existia na época na região, todo o acabamento foi manual, algo maravilhoso”, diz Otmmar.

INVERSÃO EMIGRATÓRIA

Mais de um século depois da vinda dos alemães para o Brasil, os descendentes dos Deutsche iniciaram há algumas décadas um feito denominado pelo antropólogo de “a procura do elo perdido” que seria uma inversão emigratória. 

Vista interna da igreja
“Os descendentes retornam para as terras dos seus tataravôs ou pentavôs na busca da própria origem. A fim de tentar descobrir por lá parentes que ainda vivem, tentar resgatar a dupla cidadania ou ver inclusive possibilidades de aposentadorias ou outras vantagens financeiras”, diz.
Isso de acordo com Eidt é algo que vem gradativamente aumentando à medida que se aperfeiçoa os meios de comunicação, na internet ele exemplifica que há muita informação disponível que as pessoas podem pesquisar. Para o antropólogo muitos retornam ao velho continente com o principal objetivo de conhecer melhor a terra dos ancestrais. 

José Helmuth Körbes (sentado) e família
“Os jovens retornam lá, não tanto por questões econômicas que já se sabe que é algo não tão atrativo como já foi. Mas acredito que por certo saudosismo pela terra perdida dos antepassados”.

MUDANÇAS DO SÉCULO 21

Não diferente das demais culturas existentes na região, inúmeras foram as ações e as contribuições da cultura alemã para o extremo oeste do estado. Muitos hábitos e costumes populares, agrícolas e econômicos de hoje são reflexo direto da colonização destes bravos europeus que atravessaram o Atlântico para se deparar com um país que apresentava modos quase primitivos de subsistência. 

Mesmo marcada pelo etnocentrismo, atualmente a cultura Deutsche no Brasil não teve como fugir e mesmo incorporar ou aceitar a diversidade de culturas predominantes no país. Eidt acredita que a cultura alemã deve perdurar por muito tempo, mas alguns descendentes germânicos temem a perda de alguns valores importantes dos Deutsche em função da falta de interesse na cultura principalmente por parte dos mais jovens.

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Esta reportagem foi publicada no Jornal Folha do Oeste em dezembro de 2011.
Texto: Drieli dos Santos e Fernando Dias

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Destino de hoje: linha Coqueiro – Itapiranga (SC)

Andanças pela cidade considerada o berço nacional da Oktoberfest

Hoje cedo (segunda-feira, dia 16) fui até a linha Coqueiro, interior de Itapiranga, Extremo Oeste catarinense para visitar a propriedade da família Becker que vive da agricultura, mais precisamente da produção do gado de leite.

Sim, eu me molhei para fazer essa foto!
Dia muito quente, (temperatura bem acima dos 30 ºC) estrada com muita pedra e poeira, sol de rachar, mas como sempre valeu a pena. Na linha Coqueiro conhecei Alejandro Becker e seu filho Bruno, que apostaram em um sistema de irrigação para pasto. Uma forma (muito inteligente, do meu ponto de vista) para se precaver de períodos de estiagens que já há alguns anos é algo comum na região, pena que alguns ainda não se convenceram disso.

Como estava em Itapiranga, aproveitei para conhecer e registrar uma figueira da espécie Ficus Organensis localizada em uma das praças do município.

Conta a história que esta árvore de 44 anos é “filha” da figueira centenária da praça XV de Novembro de Florianópolis. Quando fotografava a figueira, larguei meu bloco de anotação em cima de um banco. E adivinha o que aconteceu! Esqueci ele lá. Só fui me dar conta quando estava chegando à propriedade dos Becker.
Ficus Organensis


Felizmente a caneta ficou no bolço e ainda tinha o celular com a opção de gravar que garantiu a entrevista e o depoimento dos agricultores. Por isso nem esquentei tanto, até por que essa não é a primeira vez que isso acontece, já perdi o bloco de anotação outras vezes (mas nada de grave), contudo essas são outras histórias.

No caminho de volta, passei novamente pela praça e adivinhe de novo! Meu bloco de anotação estava lá! Intacto! (eu acho pelo menos, não posso garantir que alguém não o tenha visto). Isso umas duas ou três horas depois.
Rio Uruguai - Itapiranga (SC)

Pra fechar a visita a Itapiranga não podia deixar de contemplar as águas do Rio Uruguai e tirar algumas fotos. Bom, agora depois disso tudo só resta sentar em frene ao computador e começar a redigir as matérias que serão publicadas na edição 1694 de quarta-feira, dia 18.  É isso aí, até a próxima!

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Família de agricultores constrói casa ecológica

Preocupado com questões ambientais, agricultor descansense inova e constrói casa ecológica que pode servir de modelo para a região 
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Casa ecológica da família Turcatto, no interior de Descanso - SC
Você sabe de onde veio o material usado para a construção de sua casa? Independente de sua resposta, o fato principal é que muitas vezes a extração dessa matéria-prima pode prejudicar o meio ambiente. A preocupação cada vez maior com as questões ambientais exige que a sociedade repense suas ações diante da mãe natureza e procure meios de não causar tantos impactos ao ecossistema. As construções ecológicas e empreendimentos verdes são temas cada vez mais discutidos atualmente, pois, além de propiciarem economia, garantem mais conforto aos moradores e não agridem drasticamente a natureza.

A denominada casa ecológica, proveniente da bioconstrução, parece ter sido inventada há pouco tempo, porém é algo que vem sendo utilizado pelo ser humano desde os primórdios. A bioconstrução busca a máxima integração do ambiente construído com o ambiente natural. Foi com essa filosofia que o casal de agricultores, Itacir e Janete Turcatto, da linha Famoso interior de Descanso, Extremo Oeste de Santa Catarina iniciou em julho do ano passado (2009) a construção da primeira casa ecológica do município. 
CUSTOS
Família unida para a foto
O custo de uma casa ecológica pode ser até 55% mais barato do que uma construída pelo modo convencional, em média uma casa de 80 metros quadrados pode custar R$ 10 mil. A edificação de Turcatto possui dois pavimentos e o material mais utilizado foi terra local e madeira. As paredes que dão sustentação à casa têm entre 35 e 45 centímetros de espessura, são feitas de terra ensacada, denominadas blocos de hiper adobe
O sistema de pau-a-pique também foi empregado para edificar a parte de cima da casa. “Usamos bambu e preenchemos com barro”, comenta o agricultor. Em relação à parte externa e ao revestimento das paredes, os materiais utilizados foram uma pequena quantidade de cimento, cal e pó de brita, além de cinza, areia, serragem e muita terra. Ainda, para dar maior consistência à massa foi adicionado esterco de gado. 
A arquiteta que trabalha com bioconstrução, Cecília Prmpt, também contribuiu para a edificação da casa ecológica no interior de Descanso. Para ela, casas construídas com barro e que usam o sistema de pau-a-pique devem romper os tabus de que esse tipo de construção é exclusivo de miseráveis e pobres. “Na verdade isso não é por acaso, existe um grande interesse do setor da construção civil em que as pessoas pensem isso”. Ela destaca que a construção civil hoje é responsável por cerca de 50% da degradação do meio ambiente. E que essa técnica de casas ecológicas é muito empregada na Europa e EUA.
Cecília explica que algumas paredes internas da casa ecológica também foram construídas com o sistema “cord wood”, cuja tradução literal é cordão de madeira. No Brasil, esse sistema é mais conhecido como parede de toquinhos, onde pequenos tocos de madeira são adicionados e revestidos com terra. O sistema de telhado verde também é algo a ser implantado na casa ecológica da família Turcatto. O telhado verde deve propiciar um ambiente muito mais térmico e contribuir para uma umidade mais equilibrada, sem picos de elevação nem ar muito seco.
CONFORTO TÉRMICO E RESISTÊNCIA
A casa também tem um belo design

Anteriormente, o casal e os dois filhos viviam em uma casa de alvenaria construída de modo convencional. Morando há um mês na nova residência, Turcatto ressalta que o conforto térmico é um diferencial: “A casa é mais térmica, muito gostosa de morar. É muito melhor do que a que morávamos antes”. Isso ocorre em função da espessura das paredes que são feitas de terra, elemento altamente térmico. Com a pouca quantidade de cimento nas paredes a terra absorve umidade, em períodos de chuvas, e a libera gradativamente no interior do ambiente proporcionando equilíbrio térmico no ar. No frio, a casa tende a se aquecer, e no calor a se resfriar.
Existem casas de terra construídas na Índia com mais de mil anos. No Brasil, há relatos de casas edificadas com sistema semelhante com cerca de 160 anos. “O que pode deteriorar com o tempo é a madeira, mas a construção de terra em si é muito resistente”, garante Turcatto. 
Sistema cord wood
Ainda restam alguns detalhes a serem acabados, como por exemplo, a grama a ser plantada no telhado verde, mas basicamente a casa está concluída. “Isso que construímos não é apenas uma forma de vivermos melhor, mas também uma forma consciente, onde as pessoas possam perceber que devemos viver em maior sintonia com a natureza, sem causar tanto desequilíbrio, sem causar tanto impacto”, diz Turcatto que também é terapeuta, para ele essa é uma opção para se garantir vida mais longa às futuras gerações. “Porque a gente cuidando da natureza, a natureza cuida da gente”, finaliza. 

Guarani prepara equipe ideal para 2012

Tradicional time de futebol migueloestino se prepara para a temporada 2012 e sonha com o acesso a “Série B” estadual no próximo ano

Celso Zílio, presidente do Clube Esportivo Guarani
No final do mês passado, Celso Zílio, mais conhecido com Této, foi novamente eleito presidente do Clube Esportivo Guarani de São Miguel do Oeste. Zílio deve presidir por mais dois anos o maior clube de futebol de São Miguel do Oeste. Além do presidente foram eleitos para vice-presidente do clube, Miguel de Moura e segundo vice-presidente, Sérgio Holffelder. Para o conselho fiscal efetivo, Nereu Mazuti, Zilton Zílio e Edi Burim e os suplentes, Clair Geller, Eulo Centenaro e Pedro Schacker. A nova diretoria coordenará as atividades nas temporadas de 2012 e 2013. Para falar sobre os trabalhos a frente do Guarani, Této concedeu entrevista a mim cuja matéria foi publicada no Folha do Oeste no início deste mês, ele revelou as metas e ambições do clube para os próximos dois anos.

PRIORIDADES

Conforme o presidente do Guarani a prioridade dos trabalhos será no aprimoramento do futebol. “Queremos dar segmento aos trabalhos de administração interna do clube que são muito importantes. Mas na verdade faremos uma soma de trabalhos internos com o futebol que é nossa prioridade. Acredito que será um 2012 bem melhor que 2011 em virtude de vários pontos que estavam sendo administrados e foram corrigidos ainda no ano passado”, comenta.

Quanto às competições a serem disputadas Této ressalta que o Estadual de Amadores será uma das principais metas. “Temos o Campeonato Estadual de Amadores e estamos pensando em levar a equipe de base para as disputas da fase de Estadual de Amadores no sub-17. Começamos esse trabalho de base em 2011 e agora temos uma equipe de base também em condições de disputar o Estadual de Amadores na fase sub-17. Esse será um dos pontos fortes nosso. Estamos incentivando os trabalhos de base com a expectativa de possivelmente no futuro poder revelar algum atleta nosso na equipe principal. As duas equipes, principal e sub-17, creio eu que estarão na disputa do Estadual de Amadores de 2012, esse é nosso desejo”.

EQUIPE

Quanto à formação da equipe para este ano o presidente do Clube Esportivo Guarani revela que está sendo feito uma reavaliação dos trabalhos realizados em 2011. “Estamos planejando juntarmos hoje a maioria dos atletas do time que residem em São Miguel do Oeste. Creio que temos um bom potencial de atletas na nossa cidade e também na região e temos que aproveitar isso. Mas se precisarmos buscar atletas de mais longe buscaremos, o que queremos é montar uma equipe competitiva, um grande time, por que em 2013 queremos tentar o acesso à segunda divisão estadual que é o pensamento de todos”, revela.

CASO GROLI

Um dos desejos da diretoria do Guarani é conseguir a comprovação da propriedade ou da formação do atleta Douglas Groli, atualmente contratado pelo Grêmio. “O Guarani sempre buscou resgatar aquilo que é do clube. Temos alguns documentos de 2005 e 2006 que são importantes. Também já tivemos contato com a família Groli e estamos aguardando esse período de recesso da justiça. Mas nos próximos dias serão analisados esses documentos a fim de verificar se o que o clube possui em mãos serve para darmos entrada e encaminhamentos legais da propriedade ou da formação do atleta Douglas Groli. Isso certamente vai acrescentar muito e ajudar o Guarani. Além de servir de base para essa garotada que esta começando no futebol para que cada vez mais se dediquem ao esporte se tornem profissionais vindo a atuar em grandes equipes se for o desejo deles”, destaca.

Segundo Této, o clube vai fazer o possível para provar na justiça que é de propriedade a formação do atleta no Guarani. “O que não queremos é criar qualquer tipo de atrito com a família do atleta. Se tivermos direito para resgatar diante da Chapecoense é claro que vamos buscar. Essa formação do Douglas foi muito importante, como outros atletas que foram formados aqui e hoje atuam em outros clubes”, ressalva ele que diz: “O que infelizmente nos deixa bastante preocupados é a forma com que ele foi encaminhado à Chapecoense. Estamos buscando provas para resgatarmos desse direito da formação de passe”.

ATIVIDADES PRÁTICAS

Um dos desejos dos diretores do Guarani é apresentar toda a equipe técnica e de atletas ainda este mês. “Nos reunimos nessa semana para definir alguns pontos no sentido de buscarmos negociações futuras para uma comissão técnica para o time. Estamos avaliando e aguardando posicionamentos destas pessoas que estão sendo contatadas e existe uma grade possibilidade de no dia 31 de janeiro apresentarmos a comissão técnica e os atletas para que possamos dado início aos trabalhos”, diz.

EXPECTATIVAS

“Com apoio maciço dos conselheiros e da confiança que nos depositaram é claro que nossa responsabilidade aumenta muito mais diante da presidência. Nosso propósito é inovar é pensar grande, pensar alto. Estamos focando no futuro, olhando para frente , com os pés no chão claro, mas entendemos com esse voto de confiança juntamente com a sociedade de São Miguel do Oeste, as autoridades locais que nos representam no Estado na esfera Federal juntamente com os presidentes da comunidades do município, com nossos sócios e conselheiros formar um grande debate para chegarmos a um consenso legal para o clube com uma visão de futuro duradoura que possa seguir os trabalhos em novas gestões”, diz Této.

TORCEDOR

“Os torcedores podem ficar tranquilos que iremos procurar fazer o melhor em termos de futebol para o Guarani. Nos empenharemos o máximo que for possível para atender os anseios de todos. Nosso objetivo, é montar uma equipe que seja campeã, infelizmente o ano passado não deu, mas temos esperança de que agora a gente consiga resultados e êxitos para 2012. Vamos trabalhar unidos com o pensamento positivo para alcançarmos isso”, destaca.
           
ELIMINAÇÃO

Um momento deprimente para o Guarani foi a eliminação na semifinal do Estadual de Amadores do ano passado. “Foi um momento de desatenção, hoje serve de exemplo para próximas competições. Certamente quem estiver no comando da equipe nesta temporada ira sempre lembrar dessa data. Isso agora serve para nos acrescentar e serve como um belo exemplo daquilo que não esperávamos ter acontecido”, lembra.

SEGUNDA DIVISÃO

“Em 2013 queremos buscar a condição de uma segunda divisão, precisamos nos recompor financeiramente muito bem, e também precisamos o apoio da sociedade do poder público do Estado, dos nossos patrocinadores para que cheguemos ao final deste ano em condições de voltar a participar de competições estaduais como foi nos anos 70. A hora é essa, temos que nos abraçarmos e lutarmos por esse ideal”, finaliza.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Um ‘oásis’ em meio à estiagem

Ações preventivas continuam sendo as melhores opções para se precaver de problemas. Confira como medidas simples podem garantir armazenagem de água para períodos de seca

Foto: Fernando Dias
Dalmas abre rapidamente o registro para mostrar a vasão de
água da cisterna: “Não da pra desperdiçar”
Em um momento onde o foco do governo e de boa parte da população do oeste e extremo oeste catarinense se volta para uma possível solução que amenize os prejuízos causados pela estiagem que chegam a R$ 400 milhões no campo, eis que isso tudo nos leva a pensar: sabemos que estamos em um período propício para enfrentar condições climáticas adversas.

Não é de hoje que o verão brasileiro se caracteriza por chuvas mal distribuídas em boa parte do território nacional. Basta acompanhar o noticiário e constatar, principalmente Minas Gerais e Rio de Janeiro sofrem com as quantidades alarmantes de chuvas. Por outro lado o Sul do Brasil mais uma vez sente os efeitos da estiagem que acomete a agricultura.

Mais uma vez fica evidente que faltou certo cuidado com a prevenção. Em geral, no Brasil depois que se constatou o prejuízo, é que o governo vai atrás. As perdas com a seca se repetem por falta de planejamento e prevenção, funções básicas de qualquer governo. Não é de hoje que a agricultura e os moradores do extremo oeste vem sendo afetados pela estiagem. Em 2009 a região vivia o mesmo drama: falta de água potável para o consumo humano e animal, perdas nas plantações e distribuição de água via caminhão pipa. De lá para cá poucas foram as medidas preventivas realizadas.

“PREVENIR É MELHOR QUE REMEDIAR”

Que a prevenção é a solução de muitos possíveis problemas todos sabemos, mas poucos aplicamos esse conceito na prática. No entanto, alguns agricultores do extremo oeste catarinense com apoio e incentivo de extensionistas da Epagri começam a mudar um pouco os parâmetros e a forma de pensar, e assim buscam medidas preventivas para se precaver da falta de água em períodos de estiagem.

Um exemplo disso é o que ocorre na linha São Valentin, interior de Descanso, município que calcula perdas superiores a R$ 9 milhões na agricultura devido a seca. Na propriedade do agricultor David Dalmas, há dois anos foi instalada uma cisterna no aviário. Conforme explica o extensionista da Epagri de Descanso, Vilmar Milani, uma cisterna é um reservatório de águas pluviais, onde os benefícios são o aproveitamento da água da chuva não apenas para a alimentação (depois do tratamento) e limpeza, mas também para a irrigação. Em geral, as cisternas são muito utilizadas em regiões semiáridas ou onde a falta de chuva é propensa. 

“A falta de água era frequente em nossos aviários. Fazer um poço artesiano não era garantia. Então para que a família permanecesse na atividade da criação de frango para corte optamos em investir em uma cisterna. Expandir os aviários só seria possível com uma garantia de água para os animais”, diz Dalmas.

Filho de Dalmas mostra a cisterna com capacidade para 800 mil litros
De acordo com o agricultor que possui dois aviários na propriedade com capacidade para criar cerca de 40 mil aves por lote, o investimento em uma cisterna com disposição de armazenagem superior a 800 mil litros gira em torno de quase R$ 30 mil. “É um dinheiro investido que garante retorno. Até em produção melhora, dá lucro e mantêm a água fresca e com qualidade para os animais”, avalia.

Nessa época do ano em que o calor é constante, Dalmas destaca que o consumo da água armazenada na cisterna chega a ser três vezes maior que no inverno. “Em dias quentes são gastos em média mais de 35 mil litros de água, cerca de um litro por frango”, calcula.

INVESTIMENTO

O agricultor da linha São Valentin precisou financiar R$ 27 mil para construir a cisterna. O extensionista da Epagri de Descanso explica que o investimento na construção do reservatório pluvial se dá basicamente na aquisição de canaletas, filtro, tubos, manta para vedação e o pré-moldado. “A manta de vedação serve para isolar e deixar a água no escuro dentro do reservatório, assim se evita proliferação de algas e bichos”, diz.

O sistema de filtragem também garante que a água se mantenha em condições ideais para o consumo animal. Em geral, Dalmas utiliza a água recolhida para tratar os animais e também na pulverização do aviário, que garante uma temperatura amena para o desenvolvimento das aves.

“Precisamos divulgar esse trabalho e alertar ainda mais os agricultores que armazenar a água é uma boa alternativa e um bom investimento. A pecuária e agricultura na região têm crescido e o armazenamento de água deve atender esse crescimento. Já que a tendência daqui para frente é que se aumente o consumo de água diminuindo as reservas naturais existentes”, ressalta Milani.

APOIO

Na opinião de Dalmas o governo Federal deveria propor subsídios de ao menos 50%  para que produtores pudessem garantir a construção de cisternas na propriedade. “Seria bom para o agricultor e para o Estado que assim teria garantia de retorno. Se eu não tivesse conseguido financiamento não teria dinheiro para construir esse sistema que garantiu até 20% a melhora da nossa renda”, destaca.

A cisterna na propriedade do agricultor retardou os prejuízos da estiagem, o que já é um grande negócio. Mas, mesmo com a cisterna, Dalmas comenta que se não chover nos próximos dias precisará contratar um caminhão pipa para garantir a água no reservatório e assim assegurar o desenvolvimento do próximo lote de aves.

A opção de cisternas é apenas uma dentre outras possíveis alternativas que podem garantir a reserva de água da chuva na propriedade de agricultores do extremo oeste catarinense. Inúmeras são as ações preventivas que podem garantir um impacto menos danoso no campo, governo e sociedade precisam abrir os olhos para essa situação para que não soframos mais com essa ação da natureza que pode ser prevista. Dinheiro só não basta, precisamos de medidas preventivas. Aí fica a pergunta: como será nos próximos verões? Enfrentaremos mais uma vez os mesmos problemas de hoje?
Estiagem aumenta os prejuízos na agricultura do Extremo Oeste. Além do milho, as culturas do tabaco, soja e uva sofrem baixas e prejuízos. O gado leiteiro também tem problemas com as pastagens que secaram em muitos pontos das propriedades.







Foto: Fernando Dias


O Rio Ervalzinho no interior de Descanso (SC) está praticamente seco. Volume de água diminuiu drasticamente devido a estiagem. De acordo com dados preliminares, o município já teve perdas superiores a R$ 9 milhões na agricultura e pecuária.












Foto: Fernando Dias