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quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Agricultura irrigada começa a ganhar maior destaque na região

Para se precaver de estiagens e aumentar a produção, agricultor de Itapiranga aposta em sistema de irrigação para pasto

Aspersores foram instalados em 5,3 hectares de pastagens
Sabemos não ser de hoje que o homem, muitas vezes tem enfrentado adversidades climáticas. Ter conhecimento para lidar com elas e se precaver, talvez seja a melhor a opção. A região do grande oeste catarinense, a exemplo do que ocorre no noroeste do Rio Grande do Sul, no sudoeste do Paraná e não podemos esquecer o nordeste brasileiro, ainda convivem com as desgraças da estiagem. Mesmo com a chuva do final de semana, as previsões de perdas na agricultura catarinense (jan.2012) ainda são contabilizadas. 

No extremo oeste de Santa Catarina, secas e estiagens, mesmo não ocorrendo intensamente todos os anos, são adventos registrados há pelo menos quase 80 anos. De acordo com o livro, Documentário Histórico de Porto Novo, do autor Roque Jungblut, há relatos de estiagem na região, datados da década de 1930, que já causavam grandes perdas na agricultura. Para se ter ideia, uma das maiores secas de acordo com o autor, foi registrada no início dos anos de 1940. Onde chovia pouco ou quase nada por longos períodos. 

As consequências da falta de chuva naquele período, a exemplo das que são sentidas atualmente, foram muitas. “O rio Uruguai se encolheu para cerca de dois metros. A temperatura da água subiu, faltou oxigenação e os peixes morreram. Os riachos secaram todos. A população e os animais tiveram que consumir água suja. As pastagens secaram. As árvores pareciam estar mortas”, destaca Jungblut em alguns trechos do livro.

Daquele tempo para a atualidade, (de 1930 para 2010) de acordo com relatos do autor, todas as décadas foram marcadas em algum momento por períodos de estiagem. Contudo, ao longo dos anos, a situação mudou e a população atual da região extremo oeste convive em melhores condições, a tecnologia ajudou muito nesse sentido, mas os efeitos de estiagens ainda causam dor de cabeça e grandes perdas na agricultura.

A sociedade e os governos devem ter mais consciência e atitude para buscar de forma mais constante, soluções e medidas que remediem os efeitos da falta de chuva, pois sabemos que hoje são muitas as opções que servem para diminuir ou eliminar os impactos de estiagens. Uma dentre as alternativas existentes é a irrigação, que começa lentamente a chamar a atenção de agricultores da região. Os investimentos são considerados altos, mas o retorno e a garantia de não amargar prejuízos com estiagens compensam.

IRRIGAÇÃO DE PASTAGENS

Na linha Coqueiro, interior de Itapiranga-SC, o agricultor, cuja principal atividade é a produção do gado de leite, Bruno Becker, decidiu inovar e buscar uma alternativa tecnológica considerada pioneira na região: o sistema de irrigação para pastagens por aspersão. “No verão, em época de seca que prejudica o pasto, a gente sempre pensava em investir em uma alternativa que diminuísse as perdas na pastagem. Só adubando não adiantava, teríamos que ter água e irrigar”, diz.
Alejandre Becker, pai de Bruno


Com 30 vacas, sendo que 22 estão em lactação, a propriedade da família Becker utiliza 11,8 hectares de terra para pastagens perenes. A produção média gira em torno de aproximadamente 20 mil litros de leite ao mês. 


Ao todo, o agricultor conta que foram instalados aspersores em 5,3 hectares de pastagem, em sua maior parte constituídos de grama tifton, considerada uma variedade altamente nutritiva. Conforme Becker, o custo para implantação do sistema ficou em torno de R$ 50 mil, e a grande vantagem, segundo o proprietário, é a estabilidade na produção de pasto que permite boa alimentação do gado leiteiro, independente das condições climáticas, já que o sistema garante a armazenagem e a aspersão de água.

A água utilizada no sistema é proveniente do Rio Peperi-Guaçú, que fica a cerca de 200 metros da propriedade. Becker conta que uma bomba instalada no rio leva água até um “reservatório” com capacidade para 500 mil litros, que foi construído próximo à residência do agricultor. De lá, outra bomba, com maior potência, fica encarregada de distribuir via canalização, a água para os 300 aspersores, divididos em 21 piquetes para o pastoreio das vacas.
Bruno Becker ao lado da esposa

Inicialmente, estão sendo usados 50 aspersores, que acionados espalham pela pastagem 40 mil litros de água por hora, o que garante uma distribuição próxima de 8 mil litros por hectare. Movido à energia elétrica, o sistema tem acionamento automático e de acordo com o agricultor somente é necessário acioná-lo uma vez por semana. “Se chover uma boa quantidade não é preciso ligar, só mesmo quando faltar água”, destaca.

A conta de luz poderia ser um problema, mas no horário das 22h30 às 6h30 o produtor receberá 60% de desconto na tarifa de energia elétrica no uso do sistema. Para realizar o trabalho de instalação da irrigação para pastagens por aspersão, Becker conta que contratou uma empresa da cidade de Realeza-PR e ainda contou com apoio da Administração municipal para realizar alguns dos serviços. 

Conforme representantes da empresa paranaense contratada, outro benefício do sistema é que o produtor pode utilizar os aspersores para a aplicação de fertilizantes junto com o processo de irrigação da área. “Em primeiro lugar, espero melhorar a qualidade, e a expectativa é que aumente no mínimo uns 15% a produção”, calcula.


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Matéria pulbicada na edição 1694 de 14 de janeiro de 2011, no jornal Folha do Oeste

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