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segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Fartura na produção e colheita de morangos



Estufa com plantação suspensa de morangos é aposta de renda extra para casal de agricultores do interior de São Miguel do Oeste


"Nossa ideia em princípio era fazer uma estufa para trabalhar com hortaliças. Mas acabamos conhecendo a produção de morangos e decidimos apostar então nesse ramo", conta o agricultor Valdir Berghahn, morador de linha Fátima, interior de São Miguel do Oeste.

Há cerca de seis meses, ele e a esposa Jurilde, com ajuda de um financiamento rural, construíram ao fundo da residência uma estufa de sete metros de largura por 30 m de comprimento. Montada para ser um local onde o casal plantaria hortaliças verdes para a comercialização, a estufa acabou servindo para outra finalidade: a produção de morangos.


"O mercado é crescente na região. Quem produzir com qualidade terá vendas e retorno garantido" destaca o engenheiro agrônomo especialista em fruticultura e chefe do Cetresmo (Centro de Treinamento da Epagri de São Miguel do Oeste), Loenir José Loro. Mesmo não apresentando características científicas de uma fruta, o morango, conforme explica o especialista, está enquadrado nesse crescente mercado da fruticultura. "De certa forma, a ideia de se plantar hortaliças por parte do casal permaneceu, porque muitos especialistas consideram que o morango também seja uma hortaliça", ressalta.

A ideia de investir em morangueiros partiu de um dos filhos do casal que viu uma estrutura semelhante em uma propriedade agrícola de Anchieta-SC. "Fomos então até lá para conhecer um pouco sobre o funcionamento do sistema", conta Jurilde. A visita animou o casal e fez com que eles retornassem a São Miguel do Oeste com uma certeza: investiriam na produção de moranguinhos.

VALORES E PRODUÇÃO

Certos de que o cultivo de morangos seria a nova atividade agrícola a ser realizada na propriedade rural, o casal Berghahn passou então a pesquisar onde poderiam adquirir mudas de morangueiros que melhor produzissem na região. "Optamos, depois de auxílios de técnicos, por três variedades diferentes. Duas vindas do Chile e uma da Argentina", destaca Valdir, que possui na estufa atualmente em torno de três mil pés de morangos.


Cada muda da planta sai por cerca de R$ 0,60. Segundo o agricultor, que iniciou recentemente a colheita, há na estufa morangueiros que chegam a carregar com até 25 "frutas". "Já colhemos um único morango que chegou a pesar 46 gramas", recorda ele orgulhoso.

Ao todo, o casal disse ter investido na nova estrutura e aquisição das mudas cerca de R$ 13 mil, com financiamento para pagar em dez anos. Segundo dados do produtor, o quilo de morangos hoje em estabelecimentos como feiras e supermercados é vendido a R$ 12 (ou 250 gramas por R$ 3). "Também comercializamos aqui em casa pelo preço de R$ 10 o quilo", comenta ele, destacando que mesmo há pouco tempo na atividade já sente uma boa procura por parte dos compradores.

PRECAUÇÃO

O especialista em fruticultura destaca, contudo, que antes de se iniciar uma atividade prática, como o cultivo de morangos, é imprescindível buscar conhecimento específico e se possível realizar cursos de manejo e produção. "Isso serve para dar garantia aos produtores caso venham a enfrentar alguma adversidade no desenvolvimento e produção das mudas, já que na região temos poucos agrônomos especialistas em fruticultura, o que de certa forma dificulta o auxílio aos agricultores interessados nesse tipo de cultivar", alerta ele.

O casal Berghahn "sentiu na pele" a aflição de passar por infortúnios durante o processo de manejo das plantas. "Ficamos preocupados, pois algumas plantas começaram a morrer; foi aí que recorremos à ajuda do especialista, que nos orientou", ressalta Jurilde.

"Na verdade, o que ocorreu com eles foram problemas de manejo devido a períodos contínuos de chuva e a consequente umidade do ar, visto que algumas plantas apodreceram. Então, percebemos que deveria ser redosada a quantidade de água, aplicando assim um controle mais rígido", explica Loro.

SISTEMA

Dentro da estufa o casal trabalha com o sistema de morangos suspensos (a um metro do chão), onde as plantas não entram em contato com o solo. "Os morangos são plantados em bolsas com substrato, o qual geralmente é composto por resíduos de casca de pinos, turfa ou fibra de coco decomposto. Um sistema de gotejamento também foi feito para regar as plantas. A estufa ainda protege os morangueiros do vento intenso e da chuva, permitindo que os agricultores passem a realizar a colheita a qualquer tempo", esclarece o agrônomo.

Em função de as plantas não terem contato com o solo, Loro destaca que o agricultor então pode abrir mão de fungicidas e inseticidas, contudo, mesmo livre de fortes produtos químicos, os frutos não são considerados orgânicos. "É um produto limpo, mas para ser orgânico necessita primeiro de certificação e o não uso de nitrato [que eventualmente é usado pelo agricultor] e em alguns casos nem mesmo é permitido o uso do plástico que cobre a estufa", ressalta.

RENTABILIDADE


Mesmo colhendo e comercializando há pouco mais de dois meses, os agricultores já fazem as contas quanto ao retorno financeiro. "Nossa expectativa é de colher meio quilo de morango por pé durante o ano, isso se não tivermos nenhum problema de manejo", almeja Valdir, que diz dedicar cerca de uma hora e meia por dia para manter o bom funcionamento das plantas dentro da estufa.

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