Fartura na produção e colheita de morangos
Estufa com plantação suspensa de morangos é aposta de renda extra para casal de agricultores do interior de São Miguel do Oeste
"Nossa ideia em princípio era fazer uma estufa para
trabalhar com hortaliças. Mas acabamos conhecendo a produção de morangos e
decidimos apostar então nesse ramo", conta o agricultor Valdir Berghahn,
morador de linha Fátima, interior de São Miguel do Oeste.
Há cerca de seis meses, ele e a esposa Jurilde, com ajuda de
um financiamento rural, construíram ao fundo da residência uma estufa de sete
metros de largura por 30 m de comprimento. Montada para ser um local onde o
casal plantaria hortaliças verdes para a comercialização, a estufa acabou
servindo para outra finalidade: a produção de morangos.
"O mercado é crescente na região. Quem produzir com
qualidade terá vendas e retorno garantido" destaca o engenheiro agrônomo
especialista em fruticultura e chefe do Cetresmo (Centro de Treinamento da
Epagri de São Miguel do Oeste), Loenir José Loro. Mesmo não apresentando
características científicas de uma fruta, o morango, conforme explica o
especialista, está enquadrado nesse crescente mercado da fruticultura. "De
certa forma, a ideia de se plantar hortaliças por parte do casal permaneceu,
porque muitos especialistas consideram que o morango também seja uma
hortaliça", ressalta.
A ideia de investir em morangueiros partiu de um dos filhos
do casal que viu uma estrutura semelhante em uma propriedade agrícola de
Anchieta-SC. "Fomos então até lá para conhecer um pouco sobre o funcionamento
do sistema", conta Jurilde. A visita animou o casal e fez com que eles
retornassem a São Miguel do Oeste com uma certeza: investiriam na produção de
moranguinhos.
VALORES E PRODUÇÃO
Certos de que o cultivo de morangos seria a nova atividade
agrícola a ser realizada na propriedade rural, o casal Berghahn passou então a
pesquisar onde poderiam adquirir mudas de morangueiros que melhor produzissem
na região. "Optamos, depois de auxílios de técnicos, por três variedades
diferentes. Duas vindas do Chile e uma da Argentina", destaca Valdir, que
possui na estufa atualmente em torno de três mil pés de morangos.
Cada muda da planta sai por cerca de R$ 0,60. Segundo o
agricultor, que iniciou recentemente a colheita, há na estufa morangueiros que
chegam a carregar com até 25 "frutas". "Já colhemos um único
morango que chegou a pesar 46 gramas", recorda ele orgulhoso.
Ao todo, o casal disse ter investido na nova estrutura e
aquisição das mudas cerca de R$ 13 mil, com financiamento para pagar em dez
anos. Segundo dados do produtor, o quilo de morangos hoje em estabelecimentos
como feiras e supermercados é vendido a R$ 12 (ou 250 gramas por R$ 3).
"Também comercializamos aqui em casa pelo preço de R$ 10 o quilo",
comenta ele, destacando que mesmo há pouco tempo na atividade já sente uma boa
procura por parte dos compradores.
PRECAUÇÃO
O especialista em fruticultura destaca, contudo, que antes
de se iniciar uma atividade prática, como o cultivo de morangos, é
imprescindível buscar conhecimento específico e se possível realizar cursos de
manejo e produção. "Isso serve para dar garantia aos produtores caso
venham a enfrentar alguma adversidade no desenvolvimento e produção das mudas,
já que na região temos poucos agrônomos especialistas em fruticultura, o que de
certa forma dificulta o auxílio aos agricultores interessados nesse tipo de
cultivar", alerta ele.
O casal Berghahn "sentiu na pele" a aflição de
passar por infortúnios durante o processo de manejo das plantas. "Ficamos
preocupados, pois algumas plantas começaram a morrer; foi aí que recorremos à
ajuda do especialista, que nos orientou", ressalta Jurilde.
"Na verdade, o que ocorreu com eles foram problemas de
manejo devido a períodos contínuos de chuva e a consequente umidade do ar,
visto que algumas plantas apodreceram. Então, percebemos que deveria ser
redosada a quantidade de água, aplicando assim um controle mais rígido", explica
Loro.
SISTEMA
Dentro da estufa o casal trabalha com o sistema de morangos
suspensos (a um metro do chão), onde as plantas não entram em contato com o
solo. "Os morangos são plantados em bolsas com substrato, o qual
geralmente é composto por resíduos de casca de pinos, turfa ou fibra de coco
decomposto. Um sistema de gotejamento também foi feito para regar as plantas. A
estufa ainda protege os morangueiros do vento intenso e da chuva, permitindo
que os agricultores passem a realizar a colheita a qualquer tempo",
esclarece o agrônomo.
Em função de as plantas não terem contato com o solo, Loro
destaca que o agricultor então pode abrir mão de fungicidas e inseticidas,
contudo, mesmo livre de fortes produtos químicos, os frutos não são
considerados orgânicos. "É um produto limpo, mas para ser orgânico
necessita primeiro de certificação e o não uso de nitrato [que eventualmente é
usado pelo agricultor] e em alguns casos nem mesmo é permitido o uso do
plástico que cobre a estufa", ressalta.
Mesmo colhendo e comercializando há pouco mais de dois
meses, os agricultores já fazem as contas quanto ao retorno financeiro.
"Nossa expectativa é de colher meio quilo de morango por pé durante o ano,
isso se não tivermos nenhum problema de manejo", almeja Valdir, que diz
dedicar cerca de uma hora e meia por dia para manter o bom funcionamento das
plantas dentro da estufa.
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