Há sete anos artesãs iniciaram trabalhos de confecção de acolchoados usando como matéria-prima a lã de ovelha
Com a chegada do frio, é inevitável que as pessoas passem
a se agasalhar melhor para se proteger das baixas temperaturas. Cobrir o
corpo com roupas de peles de animais, ou com outros tipos de tecidos, é
uma prática que vem de tempos bem remotos. Na pré-história, por
exemplo, as roupas que em geral serviam para aquecer o corpo eram feitas
justamente da pelagem de alguns animais.
No entanto, nos dias atuais, usar um casaco de pele animal é certamente uma prática bem polêmica. Isso porque ambientalistas consideram essa atitude altamente reprovável, já que para se conseguir a pele para a fabricação de casacos, muitos bichos acabam sendo sacrificados.
Além de se agasalhar com roupas mais pesadas, um bom edredom, cobertor ou acolchoado também são indispensáveis em noites frias. Hoje em dia, com o material utilizado na fabricação destes produtos, seja algodão, fibras sintéticas ou mesmo lã, é possível garantir que o corpo permaneça bem aquecido durante o sono, por exemplo.
A preferência pelo tipo de material usado na confecção desses adereços vai variar conforme o gosto e a condição financeira de cada um. Mas, antigamente, no tempo de nossos avós, era comum na região extremo oeste catarinense que muitas famílias tivessem em casa o famoso “acolchoado de ovelha”, que era feito a partir da lã do animal e tinha como uma das características ser bem pesado, mas que garantia noites quentes no inverno. Com o passar dos anos, esse tipo de acolchoado foi sendo substituído por outros confeccionados por distintos materiais.
ARTESÃS
Mas ainda há os que não abrem mão de se cobrir com aquele acolchoado
do tempo dos avós feito com a lã de ovelha. Em Belmonte, há sete anos um
grupo de mulheres artesãs, apoiadas por um projeto social e também pela
prefeitura municipal, iniciaram trabalhos de confecção de acolchoados
usando como matéria-prima a lã de ovelha.
No início, eram mais de 20 integrantes, mas “muitas acabaram desistindo, porque achavam o rendimento baixo, ou porque arrumavam outros serviços com salário melhor”, diz uma das três integrantes do grupo, Romilda Maciel dos Santos.
Atualmente, as artesãs também fazem outros tipos de artesanatos, como almofadas, bordados, chinelos, tapetes e toalhas. “Mas a gente começou com os acolchoados de lã de ovelhas. No início, a gente ganhava a lã de produtores, hoje negociamos com eles”, comenta outra integrante, Salete Leão de Souza.
Com um espaço cedido pela prefeitura, que também banca as despesas com água e luz, a terceira integrante do grupo, Maria Luiza de Cristo Boni, destaca que para iniciar os trabalhos todas as que fazem parte do ateliê passaram por cursos e especializações.
CONFECÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO
Para realizar a confecção do acolchoado, as artesãs destacam que
primeiramente é necessário lavar bem a lã. “A gente tira toda a sujeira
com sabão, água quente e álcool, depois usa bastante amaciante e
centrifuga”, explica Romilda. Em seguida, esperam que o material fique
bem seco para que então possa ser utilizada a cardadeira, que serve para
desfiar a lã até que fique pronta para a produção dos acolchoados. De
acordo com Salete, o tempo médio de preparo de um acolchoado, tirando o
período de lavação e secagem da lã, pode demorar até um dia e meio.
Quanto à comercialização, as artesãs ressalvam que o acolchoado, assim como os demais produtos, são vendidos localmente e também em feiras realizadas em diversos lugares do Estado e também do país. “Nosso preço hoje é bem em conta, um acolchoado de dois por dois e vinte de comprimento, sai por R$ 140,00. A gente também faz reformas por preços que variam conforme o trabalho”, revela Romilda.
OBJETIVOS E LIÇÕES
Mesmo com alguns altos e baixos, as três mulheres artesãs
belmontenses não escondem a satisfação pelo que fazem. O espaço de
trabalho delas, que se chama “Ateliê da Mulher”, é o lugar onde elas
passam a tarde costurando e conversando sobre os negócios e as
experiências de vida.
“Gostamos muito desse trabalho, pois com ele a gente garante uma renda extra que ajuda um pouco a família. Mas esse trabalho serve também para que a gente ocupe a cabeça”, conta Romilda, uma das primeiras a fazer parte do projeto. Ela lembra que quando iniciou os trabalhos e cursos estava com depressão devido à morte de seu irmão.
“Estava muito triste com o que havia acontecido, depressão mesmo. Não tinha vontade de fazer nada. Mas esse serviço acabou sendo uma terapia na minha vida, hoje estou melhor, não sofro mais disso, porque arrumei uma boa ocupação para a cabeça. Só temos a agradecer a todos que nos apoiaram com isso”, diz.
Um dos principais sonhos das três artesãs seria transformar o ateliê em uma cooperativa. Aliás, elas contam que um dos objetivos, quando o projeto foi criado, era exatamente esse. “Tornar isso uma cooperativa era nosso desejo, mas infelizmente hoje não temos o número ideal de pessoas para fazer isso”, lamenta Romilda. Com a desistência de muitas mulheres que começaram no projeto, o ideal da cooperativa acabou ficando em segundo plano. Mas ainda é algo que elas almejam conquistar.
“Uma cooperativa facilitaria muito, já que assim teríamos o CNPJ e poderíamos comercializar para lojas. Muitas vezes vamos a feiras, e empresas pedem encomendas, mas fica complicado pela falta de CNPJ”, comenta Maria. Mesmo com esses obstáculos, elas garantem que não dá para reclamar e pretendem seguir com o ateliê até não poderem mais. “Aqui, uma aprende com a outra e se ficarmos paradas é bem pior; temos um apoio importante, por isso temos motivos para continuar nosso trabalho”, finalizam.
TOSQUIA
No entanto, nos dias atuais, usar um casaco de pele animal é certamente uma prática bem polêmica. Isso porque ambientalistas consideram essa atitude altamente reprovável, já que para se conseguir a pele para a fabricação de casacos, muitos bichos acabam sendo sacrificados.
Além de se agasalhar com roupas mais pesadas, um bom edredom, cobertor ou acolchoado também são indispensáveis em noites frias. Hoje em dia, com o material utilizado na fabricação destes produtos, seja algodão, fibras sintéticas ou mesmo lã, é possível garantir que o corpo permaneça bem aquecido durante o sono, por exemplo.
A preferência pelo tipo de material usado na confecção desses adereços vai variar conforme o gosto e a condição financeira de cada um. Mas, antigamente, no tempo de nossos avós, era comum na região extremo oeste catarinense que muitas famílias tivessem em casa o famoso “acolchoado de ovelha”, que era feito a partir da lã do animal e tinha como uma das características ser bem pesado, mas que garantia noites quentes no inverno. Com o passar dos anos, esse tipo de acolchoado foi sendo substituído por outros confeccionados por distintos materiais.
ARTESÃS
Artesã desfia a lã para a produção dos acolchoados |
No início, eram mais de 20 integrantes, mas “muitas acabaram desistindo, porque achavam o rendimento baixo, ou porque arrumavam outros serviços com salário melhor”, diz uma das três integrantes do grupo, Romilda Maciel dos Santos.
Atualmente, as artesãs também fazem outros tipos de artesanatos, como almofadas, bordados, chinelos, tapetes e toalhas. “Mas a gente começou com os acolchoados de lã de ovelhas. No início, a gente ganhava a lã de produtores, hoje negociamos com eles”, comenta outra integrante, Salete Leão de Souza.
Com um espaço cedido pela prefeitura, que também banca as despesas com água e luz, a terceira integrante do grupo, Maria Luiza de Cristo Boni, destaca que para iniciar os trabalhos todas as que fazem parte do ateliê passaram por cursos e especializações.
CONFECÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO
Acolchoados são vendidos localmente |
Quanto à comercialização, as artesãs ressalvam que o acolchoado, assim como os demais produtos, são vendidos localmente e também em feiras realizadas em diversos lugares do Estado e também do país. “Nosso preço hoje é bem em conta, um acolchoado de dois por dois e vinte de comprimento, sai por R$ 140,00. A gente também faz reformas por preços que variam conforme o trabalho”, revela Romilda.
OBJETIVOS E LIÇÕES
Preço médio é de R$ 140,00 |
“Gostamos muito desse trabalho, pois com ele a gente garante uma renda extra que ajuda um pouco a família. Mas esse trabalho serve também para que a gente ocupe a cabeça”, conta Romilda, uma das primeiras a fazer parte do projeto. Ela lembra que quando iniciou os trabalhos e cursos estava com depressão devido à morte de seu irmão.
“Estava muito triste com o que havia acontecido, depressão mesmo. Não tinha vontade de fazer nada. Mas esse serviço acabou sendo uma terapia na minha vida, hoje estou melhor, não sofro mais disso, porque arrumei uma boa ocupação para a cabeça. Só temos a agradecer a todos que nos apoiaram com isso”, diz.
Um dos principais sonhos das três artesãs seria transformar o ateliê em uma cooperativa. Aliás, elas contam que um dos objetivos, quando o projeto foi criado, era exatamente esse. “Tornar isso uma cooperativa era nosso desejo, mas infelizmente hoje não temos o número ideal de pessoas para fazer isso”, lamenta Romilda. Com a desistência de muitas mulheres que começaram no projeto, o ideal da cooperativa acabou ficando em segundo plano. Mas ainda é algo que elas almejam conquistar.
“Uma cooperativa facilitaria muito, já que assim teríamos o CNPJ e poderíamos comercializar para lojas. Muitas vezes vamos a feiras, e empresas pedem encomendas, mas fica complicado pela falta de CNPJ”, comenta Maria. Mesmo com esses obstáculos, elas garantem que não dá para reclamar e pretendem seguir com o ateliê até não poderem mais. “Aqui, uma aprende com a outra e se ficarmos paradas é bem pior; temos um apoio importante, por isso temos motivos para continuar nosso trabalho”, finalizam.
TOSQUIA
Início do calor é o momento ideal para a tosquia |
“Normalmente, segundo legislação mundial de produção da lã, o ideal é fazer esse procedimento com um intervalo de 12 meses”, explica.
No extremo oeste, conforme Koroll, o período ideal da tosquia inicia em setembro, quando o calor começa a dar indícios. “A tosquia é uma atividade que exige certos cuidados; o ideal é uma pessoa treinada realizar o procedimento, já que a tesoura pode causar lesões no animal”.
Com a lã retirada, os produtores podem vendê-la e obterem certos lucros. “O mercado deu uma reagida de preço, mas foi bem melhor no passado. O valor varia muito”, ressalta Koroll, que acrescenta: “No mundo moderno dos sintéticos, os produtos naturais, que têm maior durabilidade, perderam bastante espaço, infelizmente. A lã é um material excelente, pois é térmica e pode ser usada no verão. Quem usa esses acolchoados de lã de ovelha no inverno sabe que esquenta muito, tem gente que chega até a suar”.
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