Agricultura eletrizante
Choque no inço: Agricultores conhecem novo método de
controle de ervas daninhas por descarga elétrica
Está começando a engatinhar no país uma iniciativa nova no
ramo agrícola. Trata-se de um método de controle e destruição de ervas daninhas
por descarga elétrica. Em princípio, para quem não conhece, a tecnologia causa
certo espanto, mas, segundo especialistas no assunto, a prática surge como uma
excelente opção, principalmente para agricultores agroecológicos, já que
dispensa o uso de agrotóxicos no preparo do solo para o cultivo.
De acordo com o representante da Agro Prospecta, empresa que
trabalha com soluções tecnológicas no campo, Fernando Pastreli, o equipamento
denominado EletroHerb funciona por intermédio de um gerador de energia que
manda a força para um transformador, que altera a corrente alternada para
contínua e descarrega na planta. "A máquina fecha um curto-circuito na
vegetação, paralisa o fluxo de seiva no caule e destrói ou faz com que a planta
deixe de realizar seu ciclo biológico". Ou seja, ao receber o choque, a
planta invasora tem a fisiologia alterada de forma irreversível, não absorvendo
mais água nem nutrientes e secando em poucos dias. "Quanto mais água tiver
a planta, mais rápida ela morrerá; há casos em que isso acontece em quatro ou
cinco horas depois do processo", diz.
AGROECOLOGIA
Para um dos assessores do Cepa (Centro de Apoio aos Pequenos
Agricultores), Ivo Macagnan, a máquina é uma ótima opção para a produção
orgânica. "Em se tratando da preparação do solo, é algo muito útil, já que
na produção orgânica há uma dificuldade nesse aspecto, porque realizar a
adubação verde ou até mesmo outras práticas para produção agroecológica é
bastante trabalhoso e o manejo nesse caso é indispensável. Com esse tipo de
equipamento, existem condições de se fazer um preparo de solo adequado e com
menos mão de obra", opina.
Para se ter ideia, de acordo com informações da Anvisa
(Agência Nacional de Vigilância Sanitária), o Brasil é responsável por 1/5 do
consumo mundial de agrotóxicos. Isso significa que o país usa 19% de todos os
defensivos agrícolas produzidos no mundo; nos EUA esse percentual é de 17%, no
restante do mundo o uso de agrotóxicos chega a 64%. Em conformidade com esses
números, somente em 2010, foram vendidas 936 mil toneladas de agrotóxicos, um
negócio que movimentou US$ 7,3 bilhões.
"O Brasil é o maior consumidor mundial de agrotóxicos,
e pesquisas indicam que por ano os brasileiros ingerem mais de cinco quilos de
venenos aplicados na agricultura, é algo preocupante, e as consequências disso
são problemas de saúde graves, como câncer, por exemplo", diz Macagnan.
DISTINÇÃO
Para saber a procedência de um produto orgânico basta
verificar se o mesmo possui o selo de identificação do Ministério da
Agricultura. "Por lei, os produtos orgânicos são rotulados, existe uma
legislação nacional para isso", avisa Macagnan.
OPÇÃO
A demonstração do funcionamento do equipamento para
agricultores do extremo oeste foi realizada na propriedade da família Durigon,
no interior de Descanso. "Essa alternativa é mais uma opção para os
agricultores; na verdade, é muito válido para culturas orgânicas, mas qualquer
produtor interessado pode fazer uso dessa nova tecnologia", comenta o
extensionista da Epagri de Descanso, Zolmir Frizzo. "Estar atento a
novidades tecnológicas no campo, para os interessados, é sempre de grande
importância", completa.
"Na verdade, essa é uma tecnologia nova e está sendo
aperfeiçoada, estamos em um momento de plena divulgação deste equipamento,
nossa ideia não é concorrer diretamente com agrotóxicos, mas, sim, mostrar uma
nova opção para o plantio direto", ressalva Pastreli.
Como disse o representante do equipamento, a máquina ainda
está em fase de aperfeiçoamento da tecnologia, por isso é importante ressaltar
que o processo em capins secos são mais dificultosos de serem eliminados.
"É importante fazer uma averiguação da área para constatar quais os tipos
de ervas daninhas que estão presentes. Ela é muito bem proveitosa mesmo no
sistema de forragem e cobertura do solo", destaca.
SEGURANÇA
O equipamento trabalha com voltagem que varia de quatro a 12
mil volts. "Perigo sempre existe, como em qualquer outra atividade que se
realiza, mas a pessoa que está operando tem grande segurança, o ideal é manter
certa distância do equipamento, tipo um metro, para quem fica no solo. O
equipamento tem vários sistemas de segurança, como o isolamento, por
exemplo", ressalta Pastreli.
O equipamento, segundo o representante, já apresenta
resultados satisfatórios, mas não elimina insetos e custa em torno de R$ 250
mil a empresa responsável também trabalha com prestação de serviços pagos por
hora.
Fernando Dias
Jornalista MTB-SC 4468
Fernando Dias
Jornalista MTB-SC 4468
Nenhum comentário:
Postar um comentário