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segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Agricultura eletrizante

Choque no inço: Agricultores conhecem novo método de controle de ervas daninhas por descarga elétrica


Está começando a engatinhar no país uma iniciativa nova no ramo agrícola. Trata-se de um método de controle e destruição de ervas daninhas por descarga elétrica. Em princípio, para quem não conhece, a tecnologia causa certo espanto, mas, segundo especialistas no assunto, a prática surge como uma excelente opção, principalmente para agricultores agroecológicos, já que dispensa o uso de agrotóxicos no preparo do solo para o cultivo. 

De acordo com o representante da Agro Prospecta, empresa que trabalha com soluções tecnológicas no campo, Fernando Pastreli, o equipamento denominado EletroHerb funciona por intermédio de um gerador de energia que manda a força para um transformador, que altera a corrente alternada para contínua e descarrega na planta. "A máquina fecha um curto-circuito na vegetação, paralisa o fluxo de seiva no caule e destrói ou faz com que a planta deixe de realizar seu ciclo biológico". Ou seja, ao receber o choque, a planta invasora tem a fisiologia alterada de forma irreversível, não absorvendo mais água nem nutrientes e secando em poucos dias. "Quanto mais água tiver a planta, mais rápida ela morrerá; há casos em que isso acontece em quatro ou cinco horas depois do processo", diz.

AGROECOLOGIA
Para um dos assessores do Cepa (Centro de Apoio aos Pequenos Agricultores), Ivo Macagnan, a máquina é uma ótima opção para a produção orgânica. "Em se tratando da preparação do solo, é algo muito útil, já que na produção orgânica há uma dificuldade nesse aspecto, porque realizar a adubação verde ou até mesmo outras práticas para produção agroecológica é bastante trabalhoso e o manejo nesse caso é indispensável. Com esse tipo de equipamento, existem condições de se fazer um preparo de solo adequado e com menos mão de obra", opina.

Para se ter ideia, de acordo com informações da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), o Brasil é responsável por 1/5 do consumo mundial de agrotóxicos. Isso significa que o país usa 19% de todos os defensivos agrícolas produzidos no mundo; nos EUA esse percentual é de 17%, no restante do mundo o uso de agrotóxicos chega a 64%. Em conformidade com esses números, somente em 2010, foram vendidas 936 mil toneladas de agrotóxicos, um negócio que movimentou US$ 7,3 bilhões.
"O Brasil é o maior consumidor mundial de agrotóxicos, e pesquisas indicam que por ano os brasileiros ingerem mais de cinco quilos de venenos aplicados na agricultura, é algo preocupante, e as consequências disso são problemas de saúde graves, como câncer, por exemplo", diz Macagnan.

DISTINÇÃO
Para saber a procedência de um produto orgânico basta verificar se o mesmo possui o selo de identificação do Ministério da Agricultura. "Por lei, os produtos orgânicos são rotulados, existe uma legislação nacional para isso", avisa Macagnan.
 
OPÇÃO
A demonstração do funcionamento do equipamento para agricultores do extremo oeste foi realizada na propriedade da família Durigon, no interior de Descanso. "Essa alternativa é mais uma opção para os agricultores; na verdade, é muito válido para culturas orgânicas, mas qualquer produtor interessado pode fazer uso dessa nova tecnologia", comenta o extensionista da Epagri de Descanso, Zolmir Frizzo. "Estar atento a novidades tecnológicas no campo, para os interessados, é sempre de grande importância", completa.

"Na verdade, essa é uma tecnologia nova e está sendo aperfeiçoada, estamos em um momento de plena divulgação deste equipamento, nossa ideia não é concorrer diretamente com agrotóxicos, mas, sim, mostrar uma nova opção para o plantio direto", ressalva Pastreli.

Como disse o representante do equipamento, a máquina ainda está em fase de aperfeiçoamento da tecnologia, por isso é importante ressaltar que o processo em capins secos são mais dificultosos de serem eliminados. "É importante fazer uma averiguação da área para constatar quais os tipos de ervas daninhas que estão presentes. Ela é muito bem proveitosa mesmo no sistema de forragem e cobertura do solo", destaca.

SEGURANÇA
O equipamento trabalha com voltagem que varia de quatro a 12 mil volts. "Perigo sempre existe, como em qualquer outra atividade que se realiza, mas a pessoa que está operando tem grande segurança, o ideal é manter certa distância do equipamento, tipo um metro, para quem fica no solo. O equipamento tem vários sistemas de segurança, como o isolamento, por exemplo", ressalta Pastreli.

O equipamento, segundo o representante, já apresenta resultados satisfatórios, mas não elimina insetos e custa em torno de R$ 250 mil a empresa responsável também trabalha com prestação de serviços pagos por hora.


Fernando Dias
Jornalista MTB-SC 4468

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