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segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Pêssego Zilli tem registro aprovado pelo Mapa



Também conhecido como pêssego do filete branco, o fruto deverá ser apresentado a fruticultores de todo o Brasil no Congresso Nacional de Fruticultura

Há quase um ano, em um evento realizado na propriedade, a família Zilli de linha Pratinha interior de Descanso, apresentava oficialmente para agricultores do oeste e extremo oeste catarinense uma variedade de pêssego única em todo o mundo. Um pêssego saboroso, de cor predominantemente amarelo, carnudo, de consistência macia e com uma pequenina e marcante característica: um filetesinho branco que divide a polpa amarelada.

De acordo com o pesquisador da estação experimental da Epagri em Videira, Marco Antonio Dal'bó, a formação do fruto, também conhecido como pêssego do filete branco, foi devido a uma mutação genética - algo que segundo ele é considerado raro na natureza. Foi há mais de 10 anos que o fruticultor Agenor Zilli lembra que percebeu na propriedade o desenvolvimento de um pé de pêssego diferente, que acabou gerando alguns frutos que ele os considerou saborosos e desenvolvidos. Percebendo isso, Agenor aproveitou a planta para fazer alguns enxertos.

Contudo, naquele momento, o fruticultor jamais poderia imaginar que anos mais tarde o fruto considerado "diferente" seria registrado junto ao Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) como a variedade de pêssego Zilli. Justamente o sobrenome da família. A aprovação do registro, segundo o pesquisador da estação experimental da Epagri em Videira, deu-se há pouco mais de uma semana. Agora, a variedade Zilli está habilitada para o sistema produtivo formal, onde é permitida a produção, o beneficiamento e a comercialização.

ACOMPANHAMENTO

Pêssego do filete branco é resultado de uma mutação genética
Dal'bó comenta que ao longo destes anos muitos experimentos e acompanhamentos foram feitos pela Epagri, em parceria com a Embrapa, a respeito da planta. "Acompanhamos uns três ciclos de produção, tanto na propriedade quanto na estação experimental de Videira", diz. Com os experimentos, ele conta que foi possível conhecer melhor algumas características: "A floração desta variedade é considerada precoce, o que também antecipa o desenvolvimento dos frutos e a colheita, se comparada a outras variedades de pêssego".

Outra constatação é a de que o pé de pêssego do filete branco, considerado uma mutação da variedade chimarrita, só se desenvolve plenamente em regiões quentes. "É uma variedade especificamente para regiões com clima quente. Em Videira, por exemplo, que é mais frio, a planta não apresentou as mesmas potencialidades. Ainda vai levar alguns anos, mas a ideia é testar a variedade Zilli em outras regiões do Brasil, como em São Paulo, por exemplo".

DE SC PARA O BRASIL

Família Zilli

Com o registro, a variedade, que já é conhecida em boa parte do grande oeste, poderá ser apresentada a outros estados brasileiros. "Nossa ideia é apresentar oficialmente a variedade Zilli para boa parte do país no Congresso Nacional de Fruticultura", que será realizado de 22 a 26 de outubro em Bento Gonçalves/RS. "Isso vai ajudar na fase de divulgação, pois somente saberemos qual será a aceitação do público no momento em que o pêssego for mais conhecido nacionalmente", acredita ele, que completa: "Ainda é cedo para prever alguma coisa, precisamos ter certeza quanto à aceitação dos frutos da variedade Zilli no mercado e o que isso poderá representar. Mas certamente nossa expectativa é muito positiva, esperamos de fato que esse pêssego fique muito famoso ao cair no gosto dos consumidores. Tudo isso vai depender da aceitação mercadológica".


EXPECTATIVA

De acordo com Agenor, que tem um pomar com mais de três mil pessegueiros - onde, destes, pelo menos 1.100 são da variedade Zilli - neste ano a colheita deve ser promissora, isso porque o clima ajudou bastante. "O tempo quente e seco colaborou com a fruticultura, mas, também por conta da pouca água, acho que o fruto não será muito grande". O extensionista da Epagri de Descanso, Vilmar Milani, também acrescenta que o clima seco que perdurou significativamente nos últimos meses possibilitará boa produção de pêssegos. Ele também comenta que por ser uma variedade precoce, a colheita do pêssego Zilli deverá iniciar já no próximo mês.

Aliada à expectativa da boa colheita, a família Zilli também faz planos para futuramente proteger a variedade, podendo até posteriormente cobrar royalties e direitos pela planta. "Já está registrado. Agora temos um ano de prazo para proteger e ter o direito assegurado pela variedade", diz Dal'bó, que finaliza: "Todo esse trabalho de registro e reconhecimento servirá como grande incentivo e reconhecimento para o fruticultor e toda a família, já que foi ele que percebeu o potencial da mutabilidade da planta".

Também disponível em: Folha do Oeste.com


Fernando Dias - Jornalista MTB/SC 4468

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