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segunda-feira, 17 de dezembro de 2012


Apicultor comemora fartura de mel 

A alta floração em função das condições climatológicas mais uma vez favoreceu apicultores da região

Santa Catarina é conhecida no cenário nacional por ser um dos três estados que mais domestica abelhas, o que consequentemente, coloca a apicultura catarinense entre uma das maiores produtoras de mel do Brasil. Em 2010, o estado foi responsável por mais de 10% da produção melífera no país, que chegou a quase 40 mil quilos, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O extremo oeste catarinense, de acordo com dados divulgados pelo Sebrae, em 2007, possuía cerca de 20 pequenas associações do segmento apícola que envolviam a atividade de 1 mil produtores, e aproximadamente 20 mil colmeias que produziam em média 400 toneladas de mel por ano.

Em São Miguel do Oeste, o casal de apicultores Nerio Stedili e Doriti Maria que já estão no ramo há quase 10 anos, comemoram a boa colheita. "É uma baita safra, estamos calculando em torno de 6 mil quilos, isso para nós é inédito, nunca havíamos colhido tanto em um único ano", diz Nério. Em média, segundo ele, a produção anual chega há menos de 4 mil quilos. 

Na colheita de 2011, o casal conta que em função da estiagem, houve uma situação atípica, onde ocorreu com isso, três coletas de mel. Na ocasião, o médico veterinário Rafael Dal Ri Segatto, explicou que devido aos grandes períodos de calor e pancadas isoladas de pouca chuva, houve um grande estimulo da florada em vários momentos, e isso então impulsionou a produção. "Com essas três colheitas chegamos a 7 mil quilos de mel. Para nós foi algo inédito. Como está sendo este ano também, já que em uma só colheita chegamos bem perto do que foi coletado nas três safras do ano passado", acrescenta o apicultor.

COLETA
Em geral, segundo o casal de apicultores, a coleta de mel inicia em meados de novembro ou início de dezembro. Com uma parceria entre agricultores dos municípios de Descanso, Iporã do Oeste, Guaraciaba, Princesa, Barra Bonita, além de São Miguel do Oeste, Nerio tem espalhado nestas propriedades mais de 230 colmeias. "Em média, repasso 25% da produção ao agricultor que cedeu espaço na propriedade para o alojamento das caixas das abelhas", conta.
Este ano mais uma vez, segundo relata o apicultor, mesmo não sendo registrada estiagens, o clima favoreceu a apicultura. "Houve uma excelente florada de flor de uva japonesa, que é a base principal da produção do mel de nossas abelhas".

MANEJO
Em média, conforme os apicultores, cada colmeia têm cerca de 60 mil abelhas. E além de uma boa florada o manejo e o cuidado são essenciais para uma boa safra. "A maior mão de obra esta na colheita. A manutenção é mais tranquila, mas é importante porque se não cuidar não vai ter safra. Uma boa rainha faz uma boa postura de ovos e isso é fundamental para a produção", comenta.

Ao todo a coleta do mel das mais de 230 colmeias de Stedili, levou cerca de três semanas. Agora, o casal trabalha, na agroindústria instalada na propriedade, no processamento do material que é vendido para mais de 15 mercados da cidade. "Estamos negociando para vender também para a Conab/SC (Companhia Nacional de Abastecimento de Santa Catarina) que repassará o produto para entidades beneficentes".



Fernando Dias
Jornalista MTB-SC 4468
Agricultura eletrizante

Choque no inço: Agricultores conhecem novo método de controle de ervas daninhas por descarga elétrica


Está começando a engatinhar no país uma iniciativa nova no ramo agrícola. Trata-se de um método de controle e destruição de ervas daninhas por descarga elétrica. Em princípio, para quem não conhece, a tecnologia causa certo espanto, mas, segundo especialistas no assunto, a prática surge como uma excelente opção, principalmente para agricultores agroecológicos, já que dispensa o uso de agrotóxicos no preparo do solo para o cultivo. 

De acordo com o representante da Agro Prospecta, empresa que trabalha com soluções tecnológicas no campo, Fernando Pastreli, o equipamento denominado EletroHerb funciona por intermédio de um gerador de energia que manda a força para um transformador, que altera a corrente alternada para contínua e descarrega na planta. "A máquina fecha um curto-circuito na vegetação, paralisa o fluxo de seiva no caule e destrói ou faz com que a planta deixe de realizar seu ciclo biológico". Ou seja, ao receber o choque, a planta invasora tem a fisiologia alterada de forma irreversível, não absorvendo mais água nem nutrientes e secando em poucos dias. "Quanto mais água tiver a planta, mais rápida ela morrerá; há casos em que isso acontece em quatro ou cinco horas depois do processo", diz.

AGROECOLOGIA
Para um dos assessores do Cepa (Centro de Apoio aos Pequenos Agricultores), Ivo Macagnan, a máquina é uma ótima opção para a produção orgânica. "Em se tratando da preparação do solo, é algo muito útil, já que na produção orgânica há uma dificuldade nesse aspecto, porque realizar a adubação verde ou até mesmo outras práticas para produção agroecológica é bastante trabalhoso e o manejo nesse caso é indispensável. Com esse tipo de equipamento, existem condições de se fazer um preparo de solo adequado e com menos mão de obra", opina.

Para se ter ideia, de acordo com informações da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), o Brasil é responsável por 1/5 do consumo mundial de agrotóxicos. Isso significa que o país usa 19% de todos os defensivos agrícolas produzidos no mundo; nos EUA esse percentual é de 17%, no restante do mundo o uso de agrotóxicos chega a 64%. Em conformidade com esses números, somente em 2010, foram vendidas 936 mil toneladas de agrotóxicos, um negócio que movimentou US$ 7,3 bilhões.
"O Brasil é o maior consumidor mundial de agrotóxicos, e pesquisas indicam que por ano os brasileiros ingerem mais de cinco quilos de venenos aplicados na agricultura, é algo preocupante, e as consequências disso são problemas de saúde graves, como câncer, por exemplo", diz Macagnan.

DISTINÇÃO
Para saber a procedência de um produto orgânico basta verificar se o mesmo possui o selo de identificação do Ministério da Agricultura. "Por lei, os produtos orgânicos são rotulados, existe uma legislação nacional para isso", avisa Macagnan.
 
OPÇÃO
A demonstração do funcionamento do equipamento para agricultores do extremo oeste foi realizada na propriedade da família Durigon, no interior de Descanso. "Essa alternativa é mais uma opção para os agricultores; na verdade, é muito válido para culturas orgânicas, mas qualquer produtor interessado pode fazer uso dessa nova tecnologia", comenta o extensionista da Epagri de Descanso, Zolmir Frizzo. "Estar atento a novidades tecnológicas no campo, para os interessados, é sempre de grande importância", completa.

"Na verdade, essa é uma tecnologia nova e está sendo aperfeiçoada, estamos em um momento de plena divulgação deste equipamento, nossa ideia não é concorrer diretamente com agrotóxicos, mas, sim, mostrar uma nova opção para o plantio direto", ressalva Pastreli.

Como disse o representante do equipamento, a máquina ainda está em fase de aperfeiçoamento da tecnologia, por isso é importante ressaltar que o processo em capins secos são mais dificultosos de serem eliminados. "É importante fazer uma averiguação da área para constatar quais os tipos de ervas daninhas que estão presentes. Ela é muito bem proveitosa mesmo no sistema de forragem e cobertura do solo", destaca.

SEGURANÇA
O equipamento trabalha com voltagem que varia de quatro a 12 mil volts. "Perigo sempre existe, como em qualquer outra atividade que se realiza, mas a pessoa que está operando tem grande segurança, o ideal é manter certa distância do equipamento, tipo um metro, para quem fica no solo. O equipamento tem vários sistemas de segurança, como o isolamento, por exemplo", ressalta Pastreli.

O equipamento, segundo o representante, já apresenta resultados satisfatórios, mas não elimina insetos e custa em torno de R$ 250 mil a empresa responsável também trabalha com prestação de serviços pagos por hora.


Fernando Dias
Jornalista MTB-SC 4468