Condições climáticas aumentam expectativa na produção de grãos
Com a consequente valorização do milho e da soja produtores visam bons lucros com a produção de grãos
As condições climatológicas estão deixando produtores de grãos do extremo oeste catarinense animados com as previsões econômicas que anteveem a colheita. Historicamente, de acordo com o engenheiro agrônomo, José Carlos Paiva Filho, na região, a opção por plantar lavouras de milho sempre foram superiores às plantações da soja. Mas nesta safra, conforme Paiva, registros locais tem apontado um crescimento de lavouras de soja em relação às de milho.
Para o agrônomo, aliado ao aumento do plantio da soja (na região) está o custo de produção, que segundo ele, é inferior ao custo do cultivo de milho. "Enquanto no milho o custo da produção na lavoura chega a 90 ou 100 sacas por hectare, na soja, fica em torno de 25 sacas por hectare. O que quer dizer então, que na avaliação final, a soja se sobressai". Na prática isso significa dizer que a cada hectare de milho produzido haveria um custo de produção aproximado de R$ 2.800. Já que preço do milho atualmente gira na casa de R$ 28,00. Na lavoura de soja, o custo de produção seria de mais ou menos R$ 1.650 levando em conta o valor atual da soja avaliado em R$ 66,00.
"Esse ano temos um equilíbrio entre as lavouras do milho e a da soja; isso vai ficar interessante, porque a soja esta entrando em uma área que antes era específica do milho", completa.
CLIMA
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Agrônomo, José Carlos Paiva Filho |
O clima, na maioria das vezes, é sempre um fator determinante para qualquer cultura. A regularidade de chuvas é imprescindível para uma boa safra. Em agosto do ano passado, período em que se iniciou a cultura do milho, não houve precipitações consideráveis, o que causou certo temor aos produtores. Aliado ao princípio de seca, produtores de grãos sofreram, antes, com outra adversidade climática: a geada fora de época que também afetou lavouras de milho em meados de agosto. O produtor, formado em agronomia e mestre em ciência do solo, Alexandre Léo Berwanger, de linha São Vicente interior de Guaraciaba, destaca que a safra começou conturbada.
"Primeiro teve a adversidade da geada que começou quando grande parte do milho já estava semeada. Foi uma geada fora de época, anormal. A primeira parte do milho, da safra do mais cedo, perdeu produtividade devido a esse fator. Depois tivemos mais uma adversidade, uma seca que não atingiu toda a região, sendo em alguns pontos foi mais severa, em outros não tanto. Estes foram dois fatores que limitaram o teto produtivo da cultura do milho". Porém, em resultados de produtividade, as lavouras afetadas, na primeira quinzena de agosto, são consideradas por alguns especialistas como perdas insignificantes.
Já a soja não foi afetada, porque o início do plantio foi em novembro quando o tempo já estava mais ameno, com registro de chuva, em alguns casos, a cima da média.
PRODUTIVIDADE
Em praticamente toda a região (incluindo grandes, médias e pequenas propriedades) a produtividade de milho, segundo Paiva, fica na faixa de seis mil quilos por hectare. "Hoje temos milho em estado avançado de maturação fisiológica; com certeza deveremos ter uma produtividade, em se tratando das lavouras de alta tecnologia, com média igual ou superior a 150 sacas por hectare, o que representa cerca de nove mil quilos por hectare, contra uma média nacional de quatro mil quilos. Mas essa média, em se tratando de lavouras que tem como objetivo final somente a produção de grãos", destaca Paiva que completa: "Claro que teremos ainda plantações alcançando 180 a 200 sacas por hectare, como teremos também aquelas que produzirão 120 sacas".
Mesmo com boa perspectiva de safra em lavouras que utilizam alta tecnologia na produção de grãos, a média regional fica baixa, e isso devido a alguns fatores: "As pequenas propriedades que produzem grãos forçam a valor final da produtividade para baixo, e isso porque há propriedades que usam a área de grão depois que já exploraram ao extremo a pastagem de inverno. Além disso, existe uma dificuldade grande no uso do solo devido ao pisoteio do gado, levando a problemas de enraizamento, retenção de umidade e compactação; esses são alguns fatores que levam a produtividade lá para baixo", comenta.
COMPARATIVO
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Produtor, Alexandre Berwanger |
EXPECTATIVA
Para esse ano a perspectiva de safra, por hectare, da família Berwanger é colher 50 sacas de soja e a cima de 130 sacas de milho. "Esperamos que essa chuva continue para dar a soja que esta florescendo, maior vigor. Em janeiro a quantidade de chuvas será crucial, pois a intensidade de calor é maior", comenta Alexandre. O produtor ressalta que fatores climáticos podem comprometer, em alguns casos, até 70% da produção, mas a genética e a tecnologia de aplicação e o manejo também são importantes. "Erros de manejo ou agronômico também roubam produtividade, mas não se comparam aos estragos que o clima pode causar na produção".
MERCADO
As commodities agrícolas estão em alta, o que consequentemente eleva o valor do milho e da soja. "Isso vai trazer lucro para quem consegue produzir num custo de produção baixo, quem souber equilibrar, vai ganhar dinheiro e terá sua margem de lucro podendo até, quem sabe, recuperar o que perdeu na safra do ano passado. Estamos com uma expectativa de preços muito boa e melhores que no ano passado", avalia o produtor. Segundo Alexandre os contratos de soja, por exemplo, já são firmados com preços da saca bem a cima de R$ 50 já que no mercado físico a soja está avaliada em aproximadamente R$ 70.
O agrônomo ainda destaca que praticamente 90% da produção grãos da família é comercializado em cooperativas que ficam na região e em geral são transformadas em óleo. "A demanda de milho na nossa região é muito grande, tanto que recebemos mais milho de fora do que produzimos, nosso é utilizado 100% na região".