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segunda-feira, 11 de junho de 2012

Corpus Christi – Depois do temporal



No feriado de Corpus Christi estive em Campo Erê; O objetivo era tentar acompanhar os trabalhos de reconstrução e limpeza dos entulhos e destroços deixados pelo temporal que atingiu o município no início de junho (dia 3). Várias casas, galpões, pavilhões e árvores foram atingidos pelos fortes ventos. Pelo menos, segundo a Defesa Civil do município, ninguém ficou ferido. Foram apenas danos materiais.

Saí de São Miguel do Oeste e cerca de uma hora depois estava em Campo Erê. Cheguei lá e fui contatar minha fonte. Liguei para o celular dele, chamou até cair na caixa mensagem. – Pensei: Droga! Isso não é bom! – Liguei novamente e desta vez sequer chamou, foi direto para a caixa de mensagem. Não teve jeito, o negócio foi buscar informação de moradores mesmo. E nem tentar adivinhar por qual motivo a ligação não foi atendida.

A “única” rua que conheço em Campo Erê é a avenida central. Por isso, quando vi um senhor, de cerca de 45 a 50 anos, na calçada parei o carro e fui perguntar onde ficavam os bairros atingidos pelos ventos. Ele então me indicou o caminho.

Seguindo pela rota recomendada não conseguia ter certeza se estava no caminho certo. Parei mais uma vez para pedir informação, desta vez em um posto de gasolina. Um homem de uns 35-40 anos, me explicou detalhadamente como chegar aos locais atingidos. Agradeci e segui em frente.

Sem andar muito, logo percebi pela rua pedaços de telhas, e mais afrente moradores consertando telhados que foram arrancados pela força do vento. Parei na primeira casa que vi boa movimentação. Havia quatro homens arrumando o telhado, algumas crianças, acho que umas três, e uma mulher: Vânia Terezinha Mendes de Andrade. Aí começou todo a história. Depois de falar com Vânia, saí do bairro Industrial e fui em direção a comunidade Faxinal, onde a destruição também foi intensa.

A seguir segue parte do texto que fiz sobre o assunto.
   
Hora de reconstruir e organizar o que sobrou

Em Campo Erê, a merendeira da Escola Raul Pompeia, Vânia Terezinha Mendes de Andrade, que mora no bairro Industrial - um dos bairros da cidade mais atingido pelos fortes ventos - conta que praticamente todo o telhado foi arrancado pela força do vento de forma muito rápida. "Foi tudo muito ligeiro, tanto que acordamos dentro da água. Uma rajada de vento arrastou tudo. Não deu tempo nem pra se assustar, veio sem pedir licença", relata ela, que lembra: "O vento foi forte mesmo, tinha meu uniforme de trabalho no varal e até agora não sei onde foi parar. Tive que avisar a chefe para mandar outro para que pudesse trabalhar".

Vânia T. M. de Andrade (Dir.)
Na casa onde moram Vânia, o marido e três filhos, praticamente todos os móveis foram atingidos. "Agora tem que dar um jeito, comprar as coisas de novo e reformar", relata a merendeira, que com ajuda dos filhos e do marido já havia puxado alguns móveis e todos os colchões para secar ao sol. A moradora ainda comenta que a ajuda dos Bombeiros e da Defesa Civil do município foram importantes. "Os vizinhos também estão ajudando uns aos outros. Tive até que pegar emprestado um colchão para meu filho poder dormir", disse.

"COMEÇAR DE NOVO"
Onde antes havia um barracão com 700 metros quadrados, restaram apenas ferros retorcidos e destroços de materiais de construção. Até anteontem, dia 7, o pecuarista e produtor de grãos Cleudovir dos Santos, que mora há 13 anos na linha Faxinal, interior de Campo Erê, conta que não se lembra de ter passado por uma situação assim antes.
Pecuarista, Cleudovir dos Santos (E) no local onde antes havia o
barracão de máquinas da família.

"Tínhamos quatro tratores agrícolas, uma unicorte, uma colheitadeira, 56 toneladas de adubos e mais 1.180 sacas de semente de soja dentro do barracão e praticamente tudo isso ficou comprometido", diz o pecuarista, que calcula prejuízos próximos a R$ 1 milhão. "Só a minha caminhonete e a colheitadeira, que também foram atingidos que possuíam seguro, o restante não".

Apesar do prejuízo, Cledovir se diz grato por ninguém ter ficado ferido. "Foi tudo para o chão em questão de minutos. Agora, a gente vai ter que erguer tudo de volta. Começar de novo. Tem que levantar a cabeça, mas graças a Deus ninguém se machucou".

IMAGEM PERMANECE INTACTA
Dentro do pavilhão da comunidade de Faxinal, onde anualmente é realizada a festa da padroeira, o cenário impressionava. Paredes caídas, cadeiras reviradas, pedaços de telhas e galhos de árvores estavam por todos os lados. O local foi um dos pontos onde foram registrados grandes estragos. Conforme os coordenadores do pavilhão, Lucia Helena e Lúcio Antônio Ludwig, os prejuízos foram grandes, várias árvores caíram e o telhado foi praticamente todo arrancado. 
Lucia Helena Ludwig, junto da imagem de Imaculada
Conceição que ficou intacta em meio a destruição

"Estamos aqui tentando resgatar o que dá e limpando um pouco a sujeira", diz Lucia, que completa: "Bastante coisa foi destruída. Mas uma coisa ficou intacta, a imagem de Imaculada Conceição, que é a padroeira da cidade. Fiquei impressionada! Não aconteceu nada com a santinha que ficava no altar do pavilhão. A Bíblia também teve apenas um pouco da capa molhada", destaca: "Acho que isso é uma prova para quem acredita e tem fé".

A ideia agora, de acordo com os coordenadores do pavilhão, é buscar auxílio para reconstruir o local,  considerado um dos mais populares do município. "Vamos ajeitar tudo, para no final do ano realizar a festa da padroeira, que acontece no dia 8 de dezembro".

PINHEIROS DEVASTADOS
Um pouco mais adiante, na fazenda do pecuarista Valdir Baldin, pouca coisa ficou em pé. O pecuarista não sabe exatamente o valor do prejuízo, mas calcula que mais de 150 pinheiros, com cerca de 30 anos, foram devastados pelos ventos. "Ainda não contabilizamos tudo. Só de cerca eu imagino que teremos que repor uns 1.500 metros".

Pecuarista Valdir Baldin fotografa árvores atingidas pelos ventos
O galpão com o maquinário agrícola do fazendeiro veio abaixo. Uma das poucas coisas que ficaram em pé foi a residência do caseiro da fazenda. "A casa ficou em pé, mas está comprometida. Já iniciamos a construção de uma nova residência porque esta não tem mais condições para o caseiro morar com a família", argumenta.

FOI TORNADO?
Os moradores não têm dúvidas. Praticamente todos que falaram com nossa reportagem garantem que o que presenciaram foi um tornado. Alguns meteorologistas inclusive já afirmaram isso. Contudo, o responsável pela Defesa Civil de Campo Erê, Edson Melo prefere ser cauteloso. 

Pavilhão da comunidade Faxinal em Campo Erê
"Ainda não foi realizado nenhum estudo científico no local para afirma isso. Para fazer alguma afirmação tem que fazer antes um estudo da situação. Nós da Defesa Civil vamos entrar em contato com o Estado para ver se será mandado alguém para cá para fazer um estudo e concluir algo", relata Melo que acredita que o fenômeno tenha sido um forte vendaval.